39 favores
teriam sido trocados entre Rosemary Noronha e o ex-presidente da Agência Nacional de Águas, segundo e-mails obtidos pela Polícia Federal.
Justiça
Tribunal liberta ex-presidente de agência da prisão
Folhapress
O Tribunal Regional Federal da 3ª Região concedeu liminar que determina a libertação de Paulo Vieira, apontado pela Polícia Federal como líder de um esquema de tráfico de influência em órgãos do governo federal, e seu irmão Rubens Vieira.
A decisão é do desembargador Nelton dos Santos. Ele concordou com os argumentos do advogado de Paulo Vieira, Pierpaolo Bottini, de que, uma vez suspenso de suas funções pela presidente Dilma Rousseff, não apresentava mais riscos para as investigações da Operação Porto Seguro.
O ex-diretor da ANA foi preso por causa de seu "alto poder de influência" que permitiria a ele obstruir a coleta de provas pela polícia.
Ele e o irmão estavam presos desde que a Operação Porto Seguro foi deflagrada, no dia 23. Paulo é apontado pela Polícia Federal como líder de um esquema de negociação de parecer e tráfico de influência em órgãos federais.
Segundo a decisão, os irmãos estão impedidos de exercer cargo público, de deixar o país e devem se apresentar à Justiça a cada 15 dias.
"A decisão reconhece que, pelo fato de Paulo ter sido afastado das suas funções, ele não representa perigo ao processo nem a ordem pública e tem condições de responder em liberdade", disse o advogado de Paulo Vieira, Pierpaolo Bottini.
Além de usar os nomes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-ministro José Dirceu, a ex-chefe de gabinete da Presidência Rosemary Noronha procurou deputados petistas para, supostamente, tentar viabilizar seus negócios com o ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Rodrigues Vieira. Ela chegou a se encontrar com o deputado Paulo Teixeira a pedido de Vieira e agendou uma reunião com o então líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza. No email em que cita Teixeira, ela sugere: "O retorno que recebi não é nada perto do que ele receberá".
Entre os e-mails interceptados pela Polícia Federal (PF) na operação Porto Seguro, Rose fala que "merece" os pagamentos recebidos de Vieira e diz aguardar "30 livros". Livros, para a PF, é o código para dinheiro no suposto esquema de Vieira. Segundo o Ministério Público Federal, todos os parlamentares citados no inquérito tiveram seus nomes enviados para o Supremo Tribunal Federal (STF) para avaliar se devem ser investigados, uma vez que gozam de foro privilegiado.
De acordo com o relatório da Polícia Federal sobre o suposto esquema de tráfico de influência no grupo liderado por Paulo Vieira, houve uma intensa troca de favores entre Rosemary e o ex-diretor da ANA. Entre 2009 e 2012, ela pediu 27 "favores" enquanto Paulo pediu 12 a ela. "Pelo o que você vê, meus pedidos são em número maior, mas muito pequenos em relação aos seus", escreveu Rosemary a Paulo, em 22 de abril de 2009.
Neste mesmo dia, ao ser pressionada por Vieira para a solução de seus favores, a chefe de gabinete responde que não gostou "nem um pouco" das cobranças e diz que o que "não está andando" é a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), possivelmente tratando da nomeação do irmão de Paulo, Rubens, para um cargo de direção.
"Quanto ao pagamento que está para chegar, considero que você não está me fazendo nenhum favor. Entendo que trabalhei muito com a gordinha. Você já esqueceu da reunião com o deputado Paulo Teixeira? Não foi coisa tão simples. O retorno que recebi não é nada perto do que ele receberá... Não nasci ontem, não sou boba. Se você acha que não está correto, aborte o envio dos 30 livros", escreveu Rose a Paulo.
Em nota, o deputado Paulo Teixeira disse ter recebido Rosemary em janeiro de 2009, sendo a única vez que a encontrou desde que assumiu uma vaga na Câmara (2007).Teixeira disse não ser a pessoa mencionada por Rose no trecho: "O retorno que recebi não é nada perto do que ele receberá...". O deputado fala ainda que nunca se encontrou com Paulo Vieira.