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| Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Um relatório da Polícia Federal anexado a inquérito da Operação Lava Jato, em Curitiba, reúne cópias de e-mails do pecuarista José Carlos Bumlai que, segundo os investigadores, reforçam as suspeitas de tráfico de influência no governo Luiz Inácio Lula da Silva. São conversas de Bumlai com um lobista, empresários e amigos que tratam da agenda do ex-presidente, de ministros e de assuntos que envolvem negócios do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Bumlai é investigado por tráfico de influência, suspeito de intermediar interesses no Planalto na gestão do petista.

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Nas mensagens trocadas no período em que Lula era presidente, os interlocutores tratam com Bumlai e outros amigos do ex-presidente de negócios em Gana, no Catar, de uma parceria com o BNDES, com pedido de agendamento de reunião com o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, do Programa Fome Zero e de assuntos de interesse de um servidor da Infraero.

Na última semana, voltaram para a equipe da Lava Jato, em Curitiba, os primeiros inquéritos no qual Lula é investigado. As investigações foram remetidas pelo Supremo Tribunal Federal.

Para os investigadores, amigos de Lula, além de abrirem portas para empresários na gestão do petista, teriam servido de “laranjas” na ocultação de bens e propriedades, caso da família do ex-prefeito petista de Campinas (SP), Jacó Bittar.

Amigo de Lula desde a década de 1970 e um dos fundadores do PT, Bittar informou à Justiça ser o dono do Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP). A Lava Jato investiga se a propriedade pertence, na prática, ao ex-presidente e foi reformada por empreiteiras do cartel. Oficialmente, o imóvel está registrado em nome de um filho de Bittar, Fernando, e seu sócio Jonas Suassuna - ambos sócios de um dos filhos de Lula.

No documento da PF, anexado no último mês a um dos inquéritos da Lava Jato contra Bumlai, há uma sequência de mensagens em que o pecuarista e Khalil Bittar - outro filho do ex-prefeito de Campinas, sócio de Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha na PlayTV - são acionados para agendamento de reunião com o ex-ministro Guido Mantega, em 2009.

“Ola Bittar e Zé, Por favor vejam esta carta em anexo que foi enviada ao BNDES, o nosso cartão ambiental hoje esta hoje em parceria com o Fundo da Amazonia”, escreve Márcia Martinn, no dia 4 de maio. “Temos que agendar com o Ministro Guido Mantega e Antoninho Trevisan, conforme combinamos.”

A interlocutora copia carta enviada ao BNDES por um representante do Instituto Eco Goal para contrato de desenvolvimento de um “cartão ambiental em parceria com o Fundo da Amazonia”. O negócio seria vinculado à Copa de 2014. O BNDES foi o caixa que financiou, direta e indiretamente, contratos bilionários que são alvo da força-tarefa, como as construções das usinas Belo Monte e Angra 3, de plataformas para o pré-sal e de aeroportos, rodovias e ferrovias.

Outros amigos de Lula estão na mira da Lava Jato. O advogado e compadre, Roberto Teixeira, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e o consultor Toninho Trevisam integram a lista. Bumlai é o principal alvo. O pecuarista foi preso em novembro de 2015. Réu e investigado, cumpre prisão domiciliar, aos 71 anos e doente.

Constran

Bumlai trabalhou até 2000 para a Constran, empreiteira do Olacyr de Moraes, o “Rei da Soja”, comprada, em 2010, pela UTC - do delator Ricardo Pessoa. Os e-mails reunidos pela PF mostram sua participação nas tratativas da Constran em Gana, na África. Em abril de 2008, Lula levou uma comitiva de empresários ao país africano. Num dos e-mails do relatório consta a foto enviada a Bumlai pelo Planalto, em que ele aparece de mãos dadas com o ex-presidente e o então presidente de Gana, John Agyekum Kufour.

Juntos, estão dois representantes dos negócios de Moraes: Fabio Pavan (lobista da Constran em Brasília) e Wilson Quintella Filho (fundador da Estre) - ambos investigados. A Lava Jato encontrou a troca de e-mails que se seguiu, após o encontro com o presidente de Gana.

“Bumlai diz ter tratado do assunto com Pavan, e que eles devem ganhar tempo até eles estarem com os documentos liberados”, registra a PF sobre e-mail trocado pelo pecuarista com Quintella Filho no dia 20 de maio.

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