E-mails do marqueteiro João Santana interceptados pela Polícia Federal mostram proximidade dele com a presidente Dilma Rousseff e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e revelam que o publicitário costumava ser usado como uma espécie de intermediário para mensagens aos dois.
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Entre as mensagens que foram anexadas nos autos que determinam a prisão do publicitário, expedida nesta segunda-feira (22), há e-mails dos últimos meses tratando de temas como a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) e a Olimpíada do Rio.
O ministro Edinho Silva (Comunicação Social), por exemplo, encaminhou a Santana em outubro de 2015 uma mensagem originalmente enviada pelo hoje ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, com detalhes de uma pesquisa feita sobre o desempenho do governo na área econômica.
Semanas depois, Edinho encaminha ao agora alvo da Lava Jato propostas de “peças para as Olimpíadas”. “A presidente Dilma pediu que eu ouvisse sua opinião sobre o que seria uma campanha [para o evento]”, diz o ministro na mensagem.
Em outro dos e-mails interceptados, o ex-ministro Mangabeira Unger faz um pedido de audiência a Dilma por meio de Santana. “Você tem como dar um empurrão para que eu possa falar com a PR [presidente da República] naqueles dias?”, diz.
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Leia a matéria completaA “conclusão” dos e-mails interceptados, diz relatório assinado pelo delegado Filipe Pace, é que Santana tem “evidente acesso” a Dilma e que há vínculos pessoais com “membros do alto escalão” do governo e do PT. “Sendo indicado por ela, através de ministros e assessores, para tratar de assuntos relevantes para o governo federal”, diz o documento.
Lula
João Santana também é procurado para intermediar contatos com o ex-presidente Lula. Mangabeira Unger também mandou em 2015 um e-mail para o petista, por meio do publicitário, com artigos e análise do momento político.
Para o delegado, é “curioso” que o ex-ministro use o publicitário para fazer uma mensagem chegar ao ex-presidente. Em outra mensagem, um ex-governador argentino procura Santana para conseguir uma reunião com Lula.
O relatório da PF também relata trocas de mensagens de Santana com o presidente do PT, Rui Falcão, e com o ex-ministro Thomas Traumann, em que é discutida uma reportagem da revista “Veja” de 2015 que afirmava que o marqueteiro seria um alvo da Lava Jato.
Procurado, Edinho Silva disse, por meio de sua assessoria, que fez contato com o publicitário por iniciativa própria, “da mesma forma como fez com outros publicitários no mesmo período”.
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