Delegados, investigadores e agentes da Polícia Federal realizaram um ato no início da tarde desta sexta-feira (18) em Curitiba em apoio à Operação Lava Jato e em defesa da aprovação da PEC 412/2009. Cerca de 15 agentes se reuniram em um abraço simbólico em frente da sede da instituição, no bairro Santa Cândida.
Em uma semana em que a divulgação de áudios interceptados de gravações telefônicas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou a PF no centro de uma polêmica sobre a Operação Lava Jato, o ato representa o apoio incondicional da PF à equipe envolvida nas investigações.
Polêmica dos grampos não afetou investigação
Segundo o delegado Jorge Fayad, a Polícia Federal está segura quanto à legalidade das interceptações telefônicas contra Lula.
Ele garantiu que a relação com o Judiciário não sofreu abalos após divulgação de nota da PF em que a instituição afirmou ter elaborado o relatório sobre as interceptações e encaminhado ao juiz Sérgio Moro, a quem coube decidir sobre sua utilização no processo.
“Não houve responsabilização [de Moro]. Trata-se apenas de informar que a PF cumpriu uma ordem judicial e de que tornar o processo público é parte da discricionariedade do julgador”, disse.
De acordo com o delegado Jorge Fayad, presidente da regional paranaense da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), é necessário “blindar a força tarefa da Lava Jato”, que seria a parte mais frágil do processo de investigação criminal em curso, contra interferências de cunho político.
“Todos nós estamos imbuídos pelo mesmo propósito, o de combater a corrupção, independente do alvo a ser atingido. Há o enfoque de que existe perseguição política, de que a operação tem alvos direcionados, porém a Polícia Federal apura fatos. Não há orientação política”, disse o delegado Jorge Fayad, presidente da regional da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF).
PF pede mais autonomia
A mobilização também pede pela aprovação da PEC 412/2009, demanda considerada urgente pelos delegados. A PEC garantiria autonomia orçamentária e de investigação à instituição.
“A preocupação é de que ingerências políticas venham a atrapalhar o trabalho da PF”, disse Fayad, lembrando de declarações de Lula em conversas interceptadas em que o ex-presidente fala que o novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, “deveria cumprir um papel de homem” e provar que é amigo.
Para o delegado, autonomia para gerir recursos e nomear o diretor geral, ou pelo menos implementar o critério de lista tríplice, é fundamental para garantir a integridade das investigações da PF.
Ato nacional e repúdio
O ato faz parte de uma mobilização nacional, que terá abraços simbólicos em todas as sedes da PF no Brasil.
Nesta quinta (17), a ADPF emitiu nota manifestando “total indignação e repulsa” em relação ao áudio em que Lula defende que Aragão “deveria cumprir um papel de homem” e provar que é amigo, num aparente pedido de ajuda para se livrar do juiz federal Sergio Moro.
“Na gravação, fica claro a intenção de que o nomeado interfira nas ações da Polícia Federal”, disse a nota da entidade. “É lamentável constatar que agentes públicos (...) queiram praticar atos de ingerência política numa das mais importantes investigações em curso no país.”