A semana da Bolsa de Tóquio deverá ser marcada pela incerteza gerada pela pouca informação sobre a política econômica de Shinzo Abe, que na terça-feira substituirá Junichiro Koizumi como primeiro-ministro.
Abe, o atual ministro Porta-voz e homem de confiança de Koizumi, será nomeado chefe do executivo após ter vencido as eleições à Presidência do Partido Liberal-Democrata (PLD), que controla o poder no Japão desde 1955.
A escolha por Abe teve um impacto negativo na Bolsa de Tóquio, que terminou a semana com uma baixa de 1,46% em relação ao fechamento da sexta-feira anterior.
Conhecido por sua franqueza nas exigências à Coréia do Norte pelos seqüestros de japoneses realizados pelo regime comunista no século passado, Abe é por outro lado um enigma em assuntos financeiros e na política fiscal.
Já Abe, que chega ao poder como o primeiro-ministro mais jovem do Japão e sem ter dirigido nenhum ministério, herda uma dívida em massa sem precedentes com os países industrializados e um incipiente mal-estar sobre as multinacionais japonesas, em função da queda de qualidade de seus produtos.
O Japão de Abe enfrenta também o rápido envelhecimento da população, o que reduz a força de trabalho e aguça a crise de escassez de fundos para pagar pensões.
Os cinco anos do governo de Koizumi foram centrados na reestruturação dos bancos e na luta contra a deflação, deixando também um iene barato que injeta com cada desvalorização frente ao dólar fundos milionários nas multinacionais japonesas que repatriam seus benefícios.
A reanimação financeira com Koizumi foi manifestada na popularidade das bolsas entre os investidores individuais, e durante o último governo o índice Nikkei ganhou mais de 10%.
Os indicadores econômicos positivos, aliados à alta do emprego e ao forte investimento corporativo, se traduziram em um otimismo não visto desde os anos 80.
No entanto, a calmaria econômica foi resultado de fortes reestruturações empresariais como reduções de pessoal e outras drásticas medidas para baratear custos, cujas conseqüências incluem a queda de qualidade.
A nomeação de Abe como primeiro-ministro está agendada para a próxima terça-feira e a atenção dos mercados será centrada nos nomes que o novo governante vai escolher para as pastas econômicas, e no conteúdo de seu primeiro discurso, previsto para a sexta-feira.
Analistas advertem que o principal desafio de Abe será manter a segunda maior economia do mundo no caminho da recuperação e lutar contra as forças tradicionalistas dentro do PLD, preparadas para conter o ímpeto reformista de Koizumi.
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