Crivella diz que é vítima de preconceito
O candidato do PRB à prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, participou ontem da Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, em Copacabana, e reclamou de discriminação. "Minha rejeição como político vem da intolerância de pessoas que não aceitam que eu seja evangélico, disse ele, ex-bispo da Igreja Universal. O candidato Fernando Gabeira (PV)disse que a presença do concorrente foi positiva. "Mas é importante que a religião que ele professa pare de demonizar as outras, afirmou Gabeira, em referência à umbanda e candomblé.
Folhapress
Deus tem um plano político para os fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus e para os evangélicos que sejam seus aliados: governar o Brasil, segundo as palavras do bispo Edir Macedo, fundador e chefe da Igreja Universal, no livro Plano de Poder, lançado a duas semanas das eleições.
A partir de uma leitura política do Antigo Testamento, Macedo incita os evangélicos à mobilização partidária, seguindo o "projeto de nação" que Deus teria sonhado para os hebreus, que ele chama de cristãos. O livro tem co-autoria de Carlos Oliveira, diretor-presidente do jornal Hoje em Dia, de Minas Gerais.
"Tudo é uma questão de engajamento, consenso e mobilização dos evangélicos. Nunca, em nenhum tempo da História do evangelho no Brasil, foi tão oportuno como agora chamá-los de forma incisiva a participar da política nacional", escreve Macedo, estimando em 40 milhões a comunidade de evangélicos no país. "A potencialidade numérica dos evangélicos como eleitores pode decidir qualquer pleito eletivo, tanto no Legislativo, quanto no Executivo, em qualquer que seja o escalão, municipal, estadual ou federal", afima ele, no livro.
É para essa comunidade que Macedo chama de cristãos com exclusividade (ele exclui os cristãos católicos) que Deus teria feito os planos de governo. No texto repleto de expressões de linguagem de marketing e administração , Macedo lança as bases para uma militância evangélica político-partidária. Diz que no Brasil a comunidade é como um "gigante adormecido", que se mantém alheia ao processo eleitoral.
Para o cientista político Roberto Romano, professor de ética na Unicamp, Macedo envia uma mensagem aos fiéis para que deixem de lado o pudor de lidar com a política. "Macedo diz: 'Vocês já foram conquistados para Jesus, sabem como isso os consola. Mas para que o plano de Deus se realize, temos de deixar de ter o pudor de mexer com a política'", afirma Romano.
O professor diz que a época escolhida por Macedo para lançar o livro, às vésperas da eleições, foi bem escolhida. Romano afirma não estranhar o avanço da Igreja Universal sobre a política. O partido PRB, do vice-presidente José Alencar e de Marcelo Crivella, segundo colocado nas pesquisas eleitorais para a prefeitura do Rio de Janeiro, por exemplo, é fortemente ligado à igreja.
"É próprio do Edir Macedo usar essa terminologia de administração e marketing; ele usa isso na igreja dele, assim como a teologia sincrética. Essa teologia da prosperidade. Não me surpreende que esteja transformando essa bem-sucedida empresa em partido, em base política."
A professora de Teologia da PUC-Campinas Silvana Suaiden vê fundamentalismo por parte de Macedo. "O bispo Macedo faz uma leitura fundamentalista da Bíblia. O que ele entende por povo cristão? Para ele, é, sobretudo, o povo da Igreja Universal. Utilizar a Bíblia para amparar essa tese, principalmente nas eleições, quando existe esse projeto de sustentação da base de políticos evangélicos? É uma jogada." A especialista explica: "A Bíblia tem de ser lida no contexto em que foi escrita. Ler o Antigo Testamento e dizer que ali está escrito que Deus tem um plano para os cristãos, quando não há uma referência aos cristãos? Isso não tem sustentação teológica". A reportagem tentou entrevistar Edir Macedo. Mas, segundo sua assessoria, ele não daria entrevistas por estar fora do Brasil.
CCJ deve passar para as mãos do Centrão e pautas conservadoras podem ficar travadas
Médicos afirmam que Lula não terá sequelas após mais uma emergência de saúde em seu 3º mandato
Conjuntura internacional pode concretizar acordo entre Europa e Mercosul, mas Lula quer o crédito
Podcast analisa o primeiro ano de Javier Milei como presidente da Argentina