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Em meio a uma série de suspeitas envolvendo contratos feitos pela Petrobras, o virtual candidato à Presidência da República e governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), defendeu nesta segunda-feira (24) a abertura de uma CPI para investigar a empresa caso o governo não dê os esclarecimentos necessários."Caso esses esclarecimentos não sejam suficientes, aí nós entendemos que vai ser o caso, efetivamente, de se pedir uma Comissão Parlamentar de Inquérito [CPI]", afirmou o governador após participar de um evento pelo Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março.

A afirmação expõe uma subida no tom das críticas de Campos ao episódio. Na quinta-feira passada, ele escreveu no Facebook: "Má gestão na Petrobras. Prejuízo do Brasil". No mesmo dia, afirmou no Twitter: "O Brasil está perplexo diante das últimas notícias veiculadas sobre a Petrobras e a compra de uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos. Uma negociação que teria lesado a maior empresa brasileira, o maior patrimônio do país, em mais de um bilhão de dólares".

Anteontem, Campos sugeriu em Salvador que o governo de Dilma Rousseff planeja desvalorizar a Petrobras para privatizá-la. "Em três anos, a Petrobras vale a metade do que valia e deve quatro vezes mais do que devia", disse, numa alusão aos anos de mandato da presidente. "Às vezes fico seriamente desconfiado se isso não faz parte de um jogo para desvalorizar a Petrobras e vender a Petrobras", disse em evento com sua possível vice, Marina Silva.

Reportagens do jornal "O Estado de S. Paulo" apontaram suspeitas de irregularidades na compra de uma refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e o perdão de uma dívida da Venezuela nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.O governador, que também é presidente nacional do PSB, disse que os senadores do partido pediram que os responsáveis pela Petrobras prestem esclarecimentos no Senado. A bancada do partido na Câmara acionou o Ministério Público Federal."Não queremos "eleitoralizar" esse debate. Queremos ter muito cuidado para não prejudicar ainda mais a Petrobras, que já foi tão prejudicada por tudo o que aconteceu. Mas, por outro lado, não podemos ficar sem ter as respostas adequadas. É cada dia uma surpresa, cada dia uma notícia diferente, uma notícia nova", afirmou o governador.

Campanha

O evento do governo de Pernambuco em homenagem ao Dia Internacional da Mulher ganhou ares de campanha política. O presidenciável Eduardo Campos chegou ao Centro de Convenções de Pernambuco parando para abraços e fotos.

A carga política veio nos discursos que antecederam a fala do governador, que teve sua "sensibilidade feminina" exaltada pelas mulheres que foram à tribuna. "Levaremos essa política [de luta pelos direitos das mulheres] a uma instância nacional em 2015", disse a vereadora Narah Leandro (PSB), do município de Santa Cruz do Capibaribe.

O discurso mais panfletário foi o da secretária Cristina Buarque (Mulher). Antes de declarar sua fidelidade ao governador e chamá-lo de "meu futuro presidente da República", ela defendeu que "essa democracia que pulsa aqui precisa pulsar nacionalmente" e criticou o governo federal. "Não temos avançado nessa política [da mulher] no resto do Brasil nem no nível federal. Todas vocês aqui estão conscientes disso: nós não avançamos nesses últimos quatro anos nessa política em nível federal. Peço a vocês, mulheres, que tenham a Justiça consigo mesmas e não fiquem encobrindo o que não pode ser encoberto. Porque nos fará mal".

O evento também serviu para cobranças. A aposentada Josefa de Oliveira, 67, veio do município de São Vicente Férrer (a 117 km do Recife) para abraçar o governador e também fazer pedidos. Chorando, abordou o governador e entregou uma caderneta onde disse ter escrito a história de sua família e os problemas da cidade em que vive."Conheço ele [Campos] e o avô dele [o ex-governador Miguel Arraes (1916-2005)]. Já servi muito vinho a doutor Arraes. Gosto deles e eles almoçaram muitas vezes na minha casa", afirmou. "Pedi a ele para melhorar a estrada, a saúde e a segurança, que os assaltos são constantes. A gente não pode abrir a porta que os bandidos assaltam", disse a aposentada.

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