Um dia após a presidente Dilma Rousseff anunciar R$ 3,1 bilhões em obras para Pernambuco, o governador do estado, Eduardo Campos (PSB), disse que o dinheiro federal é "do povo". Tanto Dilma quanto Campos são pré-candidatos à Presidência em 2014.
"O importante é que cada um faça um esforço de integração de recursos para fazer as obras, não ficar discutindo quem fez e quem não fez. Tudo isso é feito com dinheiro do povo, do contribuinte. A sociedade é quem paga tudo isso", afirmou o governador, numa indireta à presidente.
Anteontem, Dilma havia visitado Pernambuco e, no mesmo palanque em que Campos estava, sugeriu que os avanços do estado durante a gestão do governador só foram possíveis por causa de investimentos feitos com recursos federais. A presidente estimou em R$ 60 bilhões o volume de recursos liberados para Pernambuco e associou ao governo federal o mérito de vários projetos, como a atração de uma fábrica da Fiat para Pernambuco.
Campos ontem rebateu as declarações do dia anterior de Dilma. Disse ser natural que o governo federal invista mais recursos que o estado. "A União, como arrecada mais, tem, claro, condições de fazer mais", disse o governador. Ele ainda afirmou que os anúncios de aportes federais para Pernambuco foram possíveis porque o governo estadual elaborou projetos.
Após a presidente Dilma cobrar "parceiros comprometidos", o governador disse não ter entendido o recado como uma indireta para ele ou para o PSB que pensam em lançá-lo à Presidência contra Dilma. Campos afirmou que seu compromisso é com "o povo" e com "um projeto de país".
Governador critica MP dos Portos e Gleisi rebate
Agência Estado
O governador de Pernambuco e possível adversário de Dilma Rousseff nas eleições de 2014, Eduardo Campos (PSB), entrou ontem em atrito direto com o governo federal ao criticar a Medida Provisória (MP) dos Portos. Segundo ele, caso a MP seja aprovada em definitivo, os estados perderão a autonomia para fazer licitações nos terminais portuários tarefa que passaria para a União.
As declarações de Campos foram feitas antes de ele participar de audiência pública da comissão mista do Congresso destinada a analisar a Medida Provisória 595/2012, a MP dos Portos, que propõe um novo marco regulatório para o setor. O governador afirmou ser favorável a um planejamento nacional que intensifique a concorrência dos portos, mas afirmou que isso não pode ser feito atingindo o pacto federativo. "Não precisa agredir os estados", disse. Ele argumentou que os estados já vêm perdendo autonomia nesse setor. "O que restou da autonomia é importante manter. (...) Parece um capricho querer tirar a autonomia."
A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, também presente na audiência, rebateu o governador. "[A MP] não retira a autonomia de nenhum estado da federação." Segundo a ministra, a MP moderniza e dá eficiência aos portos. "Os portos são integrantes de um sistema nacional único de logística de transportes. A lógica nacional é fundamental para a eficiência do sistema portuário." Gleisi afirmou que o planejamento integral do setor há de ser uma tarefa de responsabilidade da União e que as decisões sobre os portos não cabem a um estado específico. De acordo com ela, cabem "a todos, de maneira integrada".
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