Em documento enviado à Justiça nesta quarta-feira (29), a defesa do empresário Julio Camargo, delator da Operação Lava Jato, acusou o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, e outros investigados por suspeita de corrupção de intimidar quem os denuncia, “agindo com a lógica da gangue”.
“Está em vigor a ‘moral da gangue’, que acredita por triunfar pela vingança, intimidação e corrupção”, escrevem os advogados em memorial de alegações finais, apresentado numa ação em que Camargo é réu.
O empresário foi quem afirmou, em depoimento à Justiça, que Cunha recebeu US$ 5 milhões em propina por um contrato de navios-sonda da Petrobras.
O deputado negou veementemente a suspeita e acusou o delator de mentir por ameaça do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. Camargo havia omitido o nome de Eduardo Cunha nos primeiros depoimentos à Justiça e corria o risco de perder o acordo de colaboração caso seu testemunho se mostrasse falso.
Na petição, assinada pelos escritórios dos advogados Antônio Figueiredo Basto e Adriano Bretas, os defensores dizem que Cunha age “astuciosamente” para desacreditar os depoimentos do delator, e usa desde a maledicência até a CPI da Petrobras – que vem convocando os colaboradores da Lava Jato – “para desencorajar” Camargo.
Figueiredo Basto e Bretas sustentam que os investigados na Lava Jato “agem como crianças que desejam uma coisa, mas não suas consequências” e que ameaçam a Justiça “deixando no ar um lembrete: ‘Hoje investigado, amanhã faço a lei’“.
Os advogados assumiram a defesa de Camargo na semana passada, após a saída de Beatriz Catta Preta, que firmou a delação do empresário. Eles defendem que a colaboração do seu cliente é válida e foi corroborada por outras provas, e que “eventuais contradições” de Camargo ocorreram por “temor” de Eduardo Cunha.
Réu
As alegações finais são o último posicionamento da defesa antes da sentença. Camargo, que admitiu ter participado do pagamento de propina na Petrobras a fim de obter vantagens em obras e licitações, é acusado nessa ação de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
O alvo do processo é o aluguel de dois navios-sonda pela Petrobras, em 2006. A defesa de Camargo pede que seja concedido a ele o perdão judicial, ou que a pena seja estabelecida em, no máximo, um ano em regime aberto.
Procurada, a defesa de Eduardo Cunha informou apenas que não iria se pronunciar porque ainda não tomou conhecimento das manifestações dos advogados.
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