Grand Hotel Dolder , nos Alpes suíços, foi um dos locais onde Cunha e família se hospedaram| Foto: Roland Fischer/Wikimedia Commons/

Do alto do morro de Adlisberg, a vista da cidade de Zurique e dos Alpes é de cartão-postal. No local, impera o Grand Hotel Dolder desde 1899, decorado com obras de Salvador Dalí e Andy Warhol. Além de ter sido cenário do filme “A Garota com Tatuagem de Dragão”, de David Fincher, o hotel já hospedou Henry Kissinger, Winston Churchill, Liz Taylor, Luciano Pavarotti, Hillary e Bill Clinton, o príncipe William, David Cameron e o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Além do Dolder, o peemedebista também já descansou a cabeça e o corpo em vários outros hotéis de luxo da Europa.

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Parte de despesas de passeios pelo velho continente foram pagas com propina do esquema de corrupção da Petrobras, segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República acatada pela Justiça Federal contra a mulher do deputado, a jornalista Cláudia Cruz. A PGR sustenta que ela usou recursos ilícitos para cobrir elevadas despesas com luxos comprados no exterior, incluindo as hospedagens. O jornal O Estado de S. Paulo foi conhecer alguns locais escolhidos pelo casal.

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No dia 12 de fevereiro de 2013, por exemplo, a conta do réu e da ré da Operação Lava Jato foi de US$ 1.043,40 no Dolder. O casal usou o cartão Corner Card. O dinheiro de desvios na estatal teria sido transferido para a conta Kopek, em Genebra. No dia seguinte à estada no Dolder, Cunha foi para outro hotel de Zurique, o Baur au Lac, com uma conta maior: US$ 3,6 mil. O local, dois anos depois, seria o mesmo palco da operação policial conduzida pelos suíços que terminou com a prisão de outro brasileiro acusado por corrupção: José Maria Marin, o ex-presidente da CBF.

Primavera

Outro sinônimo de sofisticação foi desfrutado por Cunha já no mês seguinte, quando as flores desabrocham, só que na Espanha. O W. Barcelona já recebeu nobres do Oriente Médio, como o Rei Abdala II da Jordânia e a rainha Rania. No dia 25 de março, sua conta no local foi de US$ 3,5 mil. No mesmo mês do ano seguinte, novamente sob o perfume da primavera, a família Cunha pagou US$ 4,9 mil para se hospedar em um dos hotéis mais caros da Itália, o Danieli, em Veneza. No Four Seasons, em Florença, Cunha deixou US$ 2,7 mil. No Raphael, em Roma, a conta ficou mais barata, US$ 1,9 mil, no dia 3 de março de 2014.

Estrelados

Paris também foi bem explorada pelo casal Cunha. Em fevereiro de 2015, no auge da Lava Jato, Cunha, Cláudia e sua filha escolheram o Plaza Athénée, um palácio francês frequentado pelas maiores fortunas do mundo. A família pagou a fatura no dia 19 de US$ 15.880,26. No restaurante do hotel, uma refeição pode chegar a US$ 390. Cinco dias antes, a rotina gastronômica começara no Guy Savoy, um restaurante à beira do Rio Sena, com três estrelas no Guia Michelin. Valor: US$ 1.357,24.

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No dia seguinte, a família resolveu pagar menos. Em 15 de fevereiro, o gasto foi de US$ 965,69 no Les Tablettes - Jean-Louis Nomicos, de só uma estrela no Michelin, situado no 16.º Distrito de Paris, um dos mais elitistas da capital. Na véspera de partir, no dia 18, o trio voltou a escolher um três estrelas, o Le Grand Véfour: US$ 1.177,76.

Entre almoços e jantares, Cláudia e a filha conseguiram encaixar compras em lojas de luxo. Na Louis Vuitton, deixaram US$ 1.482,11. O dia seguinte, 16, foi intenso: US$ 8.111,79 na Ermenegildo Zegna, situada na Rue du Faubourg Saint-Honoré, perto do Palácio do Eliseu; US$ 2.879,51 na Chanel; US$ 6.537,77 na Charvet Place Vendôme; outros US$ 1.676,65 na Hermès; e US$ 960,58 na Balenciaga. Total do dia: US$ 20.166,30. Dois dias depois, Cláudia voltou à Chanel: mais US$ 1.178,11.

Já em Cascais, em Portugal, Cunha soube o que é dormir em um palácio real, tal como diz o slogan do Grande Real Villa Hotel, em 22 de fevereiro de 2015. Por isso, deixou US$ 2,9 mil aos súditos.