Delgado evita comentar denúncia de Cunha. Chinglia critica estratégia
O candidato do PSB à Presidência da Câmara dos Deputados, Júlio Delgado (MG), não quis comentar a denúncia feita pelo seu oponente do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ). "Não vou polemizar com o concorrente", respondeu Delgado, que embarcava de Brasília com destino a Belém, onde tem compromisso de campanha.
O candidato a presidente da Câmara dos Deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) aproveitou para criticar na tarde desta terça a estratégia adotada por Cunha, que, de acordo com o petista, protagonizou uma tentativa de virar candidato tanto da base do governo quanto da oposição. "Não funcionou", disse Chinaglia, questionado por jornalistas. "Qual foi o movimento feito pelo candidato Eduardo? Ele virou digamos o porta-voz do fora PT. Ele falou: Pode ser qualquer um, menos o PT. E eu não sei se o PMDB tem tanta autoridade assim para criticar todo e qualquer partido. Na minha opinião, não", revelou.
Chinaglia reconheceu que o fato de o PMDB ter divisões internas fez com que, na eleição de outubro, alguns Estados não apoiassem a candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) e do vice-presidente Michel Temer - foi o caso do próprio Rio Grande do Sul, onde boa parte do PMDB trabalhou pela candidatura de Marina Silva (PSB) e, no segundo turno, Aécio Neves (PSDB). Mesmo assim, Chinaglia defende que não é possível o PMDB, no nível nacional, fazer oposição tendo a vice-presidência e seis ministérios na atual configuração do governo Dilma.
Chinaglia também afirmou que não está seguro de que ganhará no primeiro turno a disputa para a presidência da Câmara, mas que pretende estar no segundo turno. Sobre um possível acordo com seu outro adversário, Júlio Delgado (PSB), revelou: "Eu e Júlio temos tido uma relação muito boa. Não há acordo, mas, se o Júlio for para o segundo turno, eu apoio o Júlio."
A afirmação reforça a percepção de que uma ala do PT prefere a Casa seja comandada por um deputado da oposição, como Delgado, do que pelo governista Cunha.
Dizendo-se indignado, o candidato do PMDB à Presidência da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ), convocou os jornalistas nesta terça-feira, 20, em Brasília, para denunciar o que chamou de mais uma tentativa de "alopragem" contra sua candidatura. O peemedebista apresentou uma gravação na qual dois homens conversam e um deles reclama de ter sido "esquecido" por Cunha. O deputado informou ainda que entregou um requerimento ao Ministério da Justiça solicitando a abertura de inquérito policial para apurar a veracidade da gravação.
Cunha contou que foi procurado no sábado, dia 17, em seu escritório no Rio de Janeiro, por um suposto policial federal portando cópia de uma suposta gravação telefônica. Segundo o peemedebista, esse homem disse que a cúpula da Polícia Federal estaria orquestrando uma "montagem" para envolvê-lo em denúncias, de forma a prejudicar sua campanha ao comando da Câmara.
No áudio divulgado pelo candidato, um dos homens reclama que Cunha está "se dando bem", pois será presidente da Câmara, mas que o Ministério Público está pressionando e que não segurará a denúncia, e que isso jogará "a merda no ventilador". "Os amigos dele estão sendo esquecidos", ataca o interlocutor. No diálogo, o suposto "aliado" de Cunha diz que não será abandonado e que não ficará sem dinheiro.
Apesar de negar preocupação com os reflexos do episódio em sua candidatura, Cunha disse que chamou a imprensa para expor a situação à opinião pública. "Toda semana tem um tipo de constrangimento", protestou o deputado. Ele afirmou que procurou o vice-presidente da República, Michel Temer, que por sua vez recomendou notificação ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. De férias em Madri, Cardozo pediu que o requerimento fosse protocolado no Ministério da Justiça.
O candidato disse não reconhecer as vozes que aparecem na gravação e não soube dizer se uma delas seria do policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o "Careca". O policial teria mencionado Cunha como um dos beneficiários do esquema do doleiro Alberto Youssef. Quando o caso foi revelado, Cunha se disse vítima de "alopragem" de interessados em prejudicar sua candidatura.
O peemedebista afirmou que buscará o esclarecimento "cabal" e voltou a criticar a interferência do Palácio do Planalto na eleição do Legislativo. De acordo com ele, deputados relataram nos últimos dias que foram procurados pelo governo com a promessa de que seriam contemplados com cargos no segundo escalão caso abandonassem sua candidatura.
Embora o ministro das Relações Institucionais, Pepe Vargas, tenha dito nesta manhã que uma nova Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras é "instrumento da oposição" e que o apoio de Cunha à instalação da comissão "não contribui com uma boa relação" com o Executivo, o candidato peemedebista à presidência da Câmara voltou a repetir que seu partido apoiará a criação da comissão. "O PMDB continuará assinando os requerimentos", avisou.
Denúncia de Eduardo Cunha foi encaminhada à PF
Em nota divulgada na tarde desta terça-feira, o Ministério da Justiça informou que recebeu o material encaminhado pelo líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ), sobre a suposta gravação envolvendo seu nome. Cunha disputa a presidência da Casa e denunciou uma nova tentativa de "alopragem" contra sua candidatura.
Segundo o Ministério da Justiça, o ministro interino Marivaldo Pereira encaminhou o áudio de pouco mais de três minutos à Polícia Federal. O ministro José Eduardo Cardozo está em férias, na Europa.
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