Além das contas na Suíça, o pedido de inquérito contra o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), revela a existência de contas de titularidade dele nos Estados Unidos, também não declaradas. A informação veio do banco suíço Julius Baer, que comprou as operações da área de “grandes fortunas” do Merril Lynch em 2012. Eduardo Cunha disputou eleições desde 2002 e em nenhum momento declarou a titularidade de qualquer conta no exterior.
“A análise de risco e perfil do cliente demonstram que Eduardo Cunha já mantinha conta junto ao banco Merril Lynch nos EUA há mais de 20 anos, de perfil agressivo e com interesse em crescimento patrimonial. Sua fortuna seria oriunda de aplicações no mercado financeiro local e do investimento no mercado imobiliário carioca”, diz a PGR.
O Ministério Público observa que no registro de transferências das contas secretas de Cunha na Suíça há repasse de recursos para outras contas do Merril Lynch.
“Apuraram-se ainda diversas outras transferências em favor de Eduardo Cunha, em especial contas mantidas no Merril Lynch International (provavelmente dos EUA), que devem compor o mesmo contexto de operações ilícitas”, afirma PGR.
As informações do Julius Baer foram repassadas ao Ministério Público da Suíça, que após iniciar uma investigação contra Cunha naquele país optou por repassar essas informações ao Brasil por meio de um acordo de cooperação. Para a PGR, não há dúvidas de que Cunha e sua esposa são titulares das quatro contas de Cunha na Suíça.
“Em relação à titularidade das contas objeto da transferência de processo por parte da Suíça não há a menor dúvida de sua vinculação com Eduardo Cunha e Cláudia Cruz. Os elementos neste sentido são abundantes e evidentes. Há cópias de passaportes – inclusive diplomáticos – do casal, endereço residencial, números de telefones do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto”, diz a PGR.
Também consta no pedido do STF para abertura de inquérito, os documentos apresentados pelo presidente da Câmara para abertura de uma de suas contas na Suíça que levaram o banco Julius Baer a estimar seu patrimônio em mais de 37 vezes o que ele declarou à Justiça Eleitoral.
O procurador-geral da República em exercício, Eugênio Aragão, também pediu o bloqueio e o sequestro dos valores não declarados nos bancos suíços e autorização para que a PGR faça cooperação internacional com a Suíça.
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