Na mesma proporção em que cresciam as denúncias, as postagens no Facebook minguavam. A cada novo acontecimento que agravava sua situação, mais o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se afastava de seu perfil na rede social, normalmente usado para se defender.
Restaram as felicitações a alguma cidade fluminense que completava mais um aniversário e publicações de mensagens religiosas. Versículos bíblicos, também lidos como recados indiretos de Cunha aos inimigos políticos, ao Ministério Público Federal e à Justiça.
As postagens bíblicas no perfil de Cunha são publicadas diariamente às 6h30. Foi nesse horário que, em 6 de maio (um dia após o Supremo Tribunal Federal suspender seu mandato de deputado e tirá-lo do comando da Câmara), ele postou: “Eis que procura pretexto contra mim, e me considera como seu inimigo”. À época, Cunha reclamava de perseguição política por parte do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
A derrocada de Cunha até a renúncia definitiva da presidência da Câmara foi seguida sempre de passagens bíblicas postadas no Facebook, embora elas também fossem publicadas em dias em que nada acontecia.
“Eis que procura pretexto contra mim, e me considera como seu inimigo.”
O deputado afastado é evangélico e, recentemente, trocou a Sara Nossa Terra pela Assembleia de Deus, maior e mais influente.
A igreja reúne cerca de 13 milhões de seguidores, segundo o IBGE. É a maior igreja evangélica do país. A Sara Nossa Terra tem pouco mais de 1 milhão de fiéis.
Em Brasília, atribui-se a diminuição das postagens de Cunha no Facebook e no Twitter a um pedido de sua defesa.
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