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 | Gustavo Lima /Câmara dos Deputados
| Foto: Gustavo Lima /Câmara dos Deputados

Era 10h26m de quarta-feira (19), e a denúncia iminente já rendia um intenso falatório em Brasília, quando o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), resolveu se manifestar no Twitter: “Pesquisa: 83,9% dos brasileiros são favoráveis à redução da #MaioridadePenal”.

Sobre a hipótese de virar réu no escândalo da Lava Jato, nenhum comentário nas redes sociais. Cunha preferiu focar na sessão extraordinária que ele próprio convocara para votar em segundo turno a redução da maioridade penal. Preferiu o terreno que conhece e controla. No auge da trajetória política iniciada em 2001, quando elegeu-se deputado estadual, Cunha está vivendo “a dor e a delícia de ser o que é”, como diz uma música de Caetano Veloso.

Aos 57 anos e um contencioso de problemas por onde passou, o economista e radialista Eduardo Consentino da Cunha chega ao momento mais embaraçoso da carreira no topo. Ex-presidente da Telerj no Governo Collor, ex-subsecretário de Habitação do Governo Garotinho (RJ), ex-líder do PMDB na Câmara dos Deputados, o político das pautas-bombas terá daqui para frente o desafio de desarmar o explosivo montado pelas investigações do Petrolão debaixo de sua própria cadeira presidencial.

Protesto de movimentos sociais mira presidente da Câmara

Alvo da Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeitas de corrupção na Petrobras, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também está na mira de uma série de manifestações marcadas para esta quinta-feira (20) em todo o país.

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No início de fevereiro, a confiança em seu poder era tamanha que, horas após eleger-se presidente da Câmara, uma equipe de manobristas, seguranças e jovens “promoters” já esperava os convidados para uma “festa-surpresa” na casa do deputado, no Lago Sul de Brasília. O anfitrião, além de oferecer uísque, champanhe e vinho e dois bufês com massa e risoto de camarão, prometeu naquela noite um cardápio amargo para o segundo mandato de Dilma Rousseff.

Cunha gaba-se de transformar as denúncias em munição política, trocando a defesa pelo ataque a quem ousa enfrentá-lo. Levantamento em ferramentas de consulta processual de tribunais de Justiça do Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo mostra o parlamentar como autor de cerca de 50 ações movidas contra jornalistas da imprensa diária. Nas audiências, o advogado de Cunha costuma lamentar a impossibilidade de resolver a rixa num duelo direto entre acusado e acusador.

Entre 1999 e 2000, quando comandou a Companhia Estadual de Habitação (Cehab) do Rio, a Grande Piso, microempresa paranaense, foi alçada à condição de empreiteira ao vencer quatro concorrências do órgão no valor de R$ 34 milhões. O processo de escolha, recheado de suspeitas de irregularidades, seria a primeira de uma série de denúncias que passaria a perseguir sua carreira.

Para livrar-se da suspeita na Cehab, arquivando o processo que corria no Tribunal de Contas do Estado (TCE), que o impedia de disputar as eleições de 2002, apresentou documentos do Ministério Público com assinatura falsificada. Mais tarde, garantiu que era um dos denunciantes do caso.

Cunha também enfrentou denúncias da Cedae, RioPrevidência e Furnas. Até aqui, porém, não sofreu uma única punição.

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