Polêmica
Governistas barram pedido de explicação sobre nomeação
Os deputados de oposição tentaram aprovar ontem um requerimento cobrando explicações do governo sobre a nomeação de César Benjamin como diretor-presidente da Rádio e Televisão Educativa do Paraná (RTVE), mas a bancada governista derrubou o pedido de informações por 21 votos a 7.
Repercussão
Requião nega demissão de cientista político
André Gonçalves, correspondente
Brasília - O governador Roberto Requião (PMDB) disse ontem que sabia que o cientista político César Benjamin mora no Rio de Janeiro, apesar de ser funcionário comissionado do governo do estado.
"Benjamin faz comentários, trabalha para a televisão." Requião disse que ele não ocupa um espaço específico na programação e negou que ele ocupe a função de diretor-presidente. "Ele tem um cargo DAS-1 (símbolo de cargo comissionado) e você sabe bem disso."
Benjamin teve destaque depois da publicação, na última sexta-feira, de um artigo no jornal Folha de S. Paulo em que afirmou que o presidente Lula tentou "subjugar" sexualmente um companheiro de cela quando foi preso, em 1980. Requião criticou o texto. "O César deveria procurar tratamento, aquilo foi de uma agressividade descabida. Mas agora me pergunte: o que você acha da patifaria que a Folha fez publicando isso? Eu acho terrível." Ele disse que não pretende demitir o cientista político.
Depois da descoberta de que o cientista político e editor carioca César Benjamin é funcionário comissionado do governo do estado, a Rádio e Televisão Paraná Educativa (RTVE) admitiu ontem a possibilidade de remanejá-lo nos quadros da emissora. Apesar de não mencionar uma possível demissão, membros do governo mostraram-se desconfortáveis com a publicação do artigo em que Benjamin acusa o presidente Lula de ter tentado "subjugar" sexualmente um colega de cela quando esteve preso em 1980.
De acordo com a lista dos servidores estaduais publicada no site da Secretaria Estadual da Administração, Benjamin ocupa o cargo de diretor-presidente da RTVE e recebe salário de aproximadamente R$ 5 mil, apesar de viver no Rio de Janeiro. Já Marcos Batista, que é quem responde formalmente pela direção da emissora, figura como secretário de Estado, por atuar como assessor especial do governador Roberto Requião (PMDB).
Batista disse ontem que a RTVE está "revendo a situação" de Benjamin. "Parece que caiu o mundo na cabeça dele. Ainda estamos tentando entrar em contato com ele", declarou. Em relação à contratação de Benjamin para prestar "serviços profissionais especializados" ao governo estadual, Batista afirmou que o trabalho está sendo feito. De acordo com o Diário Oficial de 8 de dezembro de 2005, o cientista político e editor carioca foi contratado para a produção de dez documentários de "caráter histórico-cultural e educativo sobre o Brasil". "Ele (Benjamin) está preparando os documentários. Serão sobre personagens tipicamente brasileiros e irão ao ar na TV (Educativa) quando forem concluídos", garantiu Batista.
Em entrevistas à Gazeta do Povo na última segunda-feira, Batista e o governador alegaram que Benjamin é funcionário da RTVE e trabalha como comentarista de política, economia e história, além de atuar em projetos de programas especiais. Segundo Batista, ele foi alocado no cargo de diretor-presidente da emissora porque essa era a única vaga disponível, já que o próprio (Batista) exerce a presidência da emissora, mas está nomeado como secretário.
Ontem, pelo segundo dia consecutivo, a reportagem tentou localizar Benjamin, mas ele não retornou aos pedidos de entrevista.
Repetição
Essa não é a primeira vez em que contratações da RTVE são questionadas. Em setembro deste ano, a Justiça Estadual considerou nulo o Decreto Estadual 2.939 que permitiu a contratação, em 2004, de 172 funcionários para a emissora sem concurso público. De acordo com a decisão judicial, a atitude "fere a moralidade e a impessoalidade, sendo, pois, inconstitucional". O governo do estado, que recorreu da decisão e aguarda posicionamento da Justiça sobre o pedido de efeito suspensivo, alegou, na época, que as contratações temporárias eram uma forma de "buscar soluções menos traumáticas para solução dos problemas da RTVE".
Em outra decisão, o Tribunal de Contas do Paraná impugnou despesas da emissora referentes a 2004 e determinou a devolução de cerca de R$ 26 mil aos cofres públicos. O valor parte dele gasto sem nota fiscal se refere ao pagamento de viagens a pessoas que não tinham vínculo com a RTVE.
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