O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró (Internacional) – preso na Operação Lava Jato desde janeiro de 2015 – declarou em delação premiada que a presidente afastada Dilma Rousseff mentiu sobre Pasadena.
O longo depoimento de Cerveró à Procuradoria-Geral da República foi gravado em áudio e vídeo. Ele disse que foi ‘sacaneado’ por Dilma, que na época da aquisição da refinaria no Texas (EUA) presidia o Conselho de Administração da Petrobras – o negócio provocou um prejuízo estimado em US$ 1 bilhão.
“Eu fiquei muito cabreiro, embora conheça a intimidade da Dilma com o Delcídio [do Amaral, ex-líder do Governo no Senado]. Se a Dilma gostasse tanto assim de mim ela não tinha me sacaneado quase dois anos atrás quando fugiu da responsabilidade dizendo que tinha aprovado Pasadena porque eu não tinha dado as informações completas. Ela me jogou no fogo, ignorou a condição de amizade que existia, que eu acreditava que existia.”
“Trabalhei junto com ela quinze anos, era época de eleição (2014), tinha que arrumar um Cristo. ‘Ah, não, fui enganada’. É mentira, é mentira. Dilma sabia de tudo o tempo todo.”
A assessoria de Dilma Rousseff divulgou a seguinte nota:
A Presidenta Dilma Rousseff jamais manteve relação de amizade com o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, embora o conheceu devido ao cargo que ocupava.
A Presidenta Dilma Rousseff reitera que jamais teve conhecimento sobre as atividades ilícitas praticadas por Nestor Cerveró na Petrobras e, portanto, jamais compactuou com tais condutas.
A Presidenta Dilma Rousseff relembra, ainda, que foi a Diretoria Executiva da Petrobras quem comunicou ao Conselho de Administração não ter Nestor Cerveró entregue as informações necessárias sobre as condições da compra, em 2006, de 50% das ações da Refinaria de Pasadena.
Como pode ser visto na Ata da Reunião de 03 de março de 2008, referente à dita autorização de compra pelo Conselho:
“(...) em 2006, quando da submissão ao Conselho de Administração da compra da participação na Refinaria de Pasadena, não constou do Resumo Executivo apresentado a informação sobre a Cláusula de Marlim, de garantia de rentabilidade da refinaria em favor da ASTRA, condição que foi oferecida na negociação como contrapartida para que fosse aceito pela Astra que a refinaria, após o revamp, passasse a processar setenta por cento de seu óleo processado por óleo fornecido pela Petrobras. O teor da Cláusula Marlim não foi objeto de aprovação pelo Conselho de Administração quando da sua análise com vistas à aprovação da compra de participação na Refinaria de Pasadena.” (Ata da Reunião 1.304)
Nesta mesma reunião, a Diretoria Executiva informa ao Conselho de Administração da Petrobras que apuraria os impactos dessa omissão e eventuais responsabilidades, nos seguintes termos:
“(...) por outro lado, considerando essa ausência de pronunciamento do Conselho sobre o tema (compra dos 50% das ações remanescentes), a Diretoria Executiva comunicou sua intenção de identificar se os termos de tal cláusula entraram efetivamente em vigor, se foram aplicados em algum momento e também avaliar os eventuais impactos, prejuízos e responsabilidades dela decorrentes.” (Ata da reunião 1.304)
Como fica evidente, o Conselho de Administração da Petrobras jamais teve conhecimento sobre as referidas cláusulas e não autorizou a aquisição voluntária da participação dos 50% restantes das ações da Refinaria de Pasadena. A suposta relação de amizade - que nunca existiu - não é justificativa para encobrir um desvio de conduta como foi a omissão das informações que resultaram num prejuízo à empresa.
Este teatro montado por esta pessoa que não tem credibilidade e é suspeito de crimes, não intimida a senhora Presidenta Dilma Rousseff. Ela tem a consciência tranquila e reitera que as provas que demonstram as calúnias de Nestor Cerveró são contundentes.
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