O processo de definição do novo líder da bancada do PP na Câmara dos Deputados indica que as rachaduras do partido, até então visíveis apenas em votações no plenário da Casa, agora podem ser levadas também para o debate interno. A quarta maior bancada da Casa, com cerca de 40 parlamentares – mais de 30 investigados na Lava Jato –, iniciou a eleição do líder de forma tumultuada, no último dia 17, com o lançamento de três candidatos para a cadeira. Um deles, Esperidião Amin (SC), tem atuação “independente” em relação ao governo federal, o que preocupa o Planalto. A eleição será retomada nesta quarta-feira (24) e o partido deverá ser o último a definir um líder de bancada neste início de ano.
No último dia 17, os olhos do Planalto estavam voltados para o embate em torno da permanência ou não de Leonardo Picciani (RJ) no comando da bancada do PMDB. Lá, o Planalto trabalhou pela derrota de Hugo Motta (PB), candidato do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ). E a presidente Dilma saiu vitoriosa, mantendo o principal partido da coalizão formalmente alinhado com o governo federal. No mesmo dia, os pepistas também tentaram definir um líder, mas não houve consenso.
Primeiro, o atual líder da bancada, Eduardo da Fonte (PE), cogitou a recondução à cadeira, mas, temendo judicialização – resolução de 2015 da legenda proíbe a reeleição –, abriu mão da candidatura, lançando o deputado federal Cacá Leão (BA) em seu lugar. Em seguida, outros dois nomes surgiram na disputa. Esperidião Amin, da ala menos afinada com o Planalto, e Aguinaldo Ribeiro (PB), ex-ministro da presidente Dilma.
Na votação secreta, Cacá Leão obteve 17 votos. Os outros dois ficaram com 11 votos cada um. A partir daí, a votação seguiu tumultuada para o segundo turno. Prevendo não ter votos suficientes, Amin retirou a candidatura em apoio a Ribeiro. O ex-ministro, contudo, já havia decidido ceder a vez a Amin – inclusive porque, em eventual empate, o parlamentar mais velho teria prioridade, alertaram correligionários. Ao final, Cacá Leão seguiu sozinho, mas parte da bancada acabou não votando e o candidato de Eduardo da Fonte ficou sem o aval da maioria simples (21 votos), número mínimo necessário para a vitória.
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Leia a matéria completaNa cédula da nova eleição, marcada para quarta-feira (24), correligionários agora não descartam nenhuma hipótese. Há conversas até no sentido de encontrar um quarto nome dentro da bancada, que agrade os diferentes grupos.
Ligação com Cunha
Com a base aliada fragmentada desde o início do ano passado, a presidente Dilma está atenta à bancada do PP, que tem se dividido em matérias importantes para o Planalto. Além disso, há um grupo de pepistas ligados a Cunha, desafeto da petista. No Conselho de Ética, os dois titulares do partido no grupo, Cacá Leão e Ricardo Barros (PR), votaram contra a admissibilidade do processo contra Cunha. Por uma diferença apertada, a maioria dos membros do Conselho de Ética foi favorável à abertura do processo contra Cunha, mas a sessão que deliberou sobre o assunto acabou depois anulada pelo vice-presidente da Câmara dos Deputados, que também é do PP, Waldir Maranhão (MA).
Na avaliação de políticos da Casa, Cunha “prestigiou muito o PP”. Além da cadeira de vice da Câmara Federal, o PP ficou em 2015 com o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), principal comissão técnica da Casa, e com a relatoria do orçamento de 2016 da União.
Paraná
O Paraná tem quatro deputados federais filiados ao PP: Dilceu Sperafico, Marcelo Belinati, Nelson Meurer e Ricardo Barros. Nenhum deles quis revelar quais nomes defendem para a liderança no partido. “Seria constrangedor. São todos amigos da gente”, justifica Meurer.
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