Brasília, 23 (AE) - A eleição de 2010, a aprovação do Orçamento e a fracassada Conferência do Clima, em Copenhague, dominaram as conversas do jantar de fim de ano que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu aos ministros, na terça-feira, na Granja do Torto. Mesmo sem a presença da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff - pré-candidata do PT ao Palácio do Planalto -, a sucessão do ano que vem pairou sobre a festa.
Dilma não compareceu à confraternização porque estava gripada. Preocupado com as brigas entre o PT e o PMDB na Bahia, o presidente pediu ao ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, que não estique a corda na disputa com o governador Jaques Wagner. O governador do PT é candidato à reeleição e Geddel já anunciou que concorrerá à sua cadeira.
A briga entre os dois aumentou após a convenção do PMDB baiano, no domingo. Lula chegou a telefonar para Wagner para saber o que estava acontecendo. Na avaliação do presidente, a queda-de-braço baiana está passando dos limites e pode atrapalhar a candidatura de Dilma justamente no Estado em que ela ultrapassou o governador José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência.
Durante o jantar, Lula sentou-se à mesa com os presidentes da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), do Banco Central, Henrique Meirelles , e do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, além dos ministros Nelson Jobim (Defesa), Tarso Genro (Justiça) e do vice-presidente José Alencar. Cotado para fazer dobradinha com Dilma, Temer foi chamado por Lula um dia antes, em café da manhã com jornalistas, de "grande companheiro e grande presidente da Câmara". Na confraternização de terça-feira, a troca de gentilezas continuou. Com os afagos, o presidente tentou desfazer o mal-estar provocado há quase um mês, quando declarou que o PMDB deveria apresentar a Dilma uma "lista tríplice" para que ela escolhesse o pretendente a vice.
Lula estava bastante animado e elogiou o cardápio do buffet - bacalhau, filé mignon e massa. Até o Orçamento ser aprovado, ele perguntava a toda hora ao ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o novo articulador político do governo: "E aí, como estão as coisas?" Soltou um "que bom" quando a proposta orçamentária - que prevê R$ 29,9 bilhões para as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - recebeu sinal verde do Congresso, perto da meia noite. O PAC será o carro-chefe da campanha de Dilma em 2010.
Já de madrugada, o presidente disse a convidados que se as negociações sobre as mudanças climáticas tivessem começado um mês antes, o acordo de Copenhague teria sido fechado. "Nós fizemos o melhor projeto", afirmou. Por fim, relatou aos ministros a conversa que teve com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que sugeriu a entrada do Fundo Monetário Internacional (FMI) como controlador de um fundo de financiamento para ações de adaptação às mudanças do clima em países em desenvolvimento. "Eu falei para o Obama que tudo o que eu não quero é o FMI nos fiscalizando", contou Lula, provocando risos.
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