Regiões
Colonização e educação elevam índice de filiações no Sul e no Sudeste
Os estados do Sul e do Sudeste, proporcionalmente à população, têm mais filiados do que os das demais regiões brasileiras. "Sul e Sudeste têm maior qualidade de educação. Isso se revela numa maior participação, que se expressa no vínculo partidário", diz o cientista político Paulo Moura. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o índice de 15,8% do eleitorado filiado a partidos (ante 11% da média nacional) é atribuído ao associativismo, à influência europeia e ao maior acesso à informação. "O estado tem um nível de associativismo elevado. E não só em partidos", afirma o cientista político Benedito Tadeu César, que atribui o fato à colonização europeia da região. Edinei Machado, de Mostardas, no litoral gaúcho, é um exemplo disso. Ele vem de uma família engajada. "Sou filiado ao PMDB há cinco anos. Aqui, as pessoas estão abertas à filiação."
A cada quatro anos, uma onda de filiações a partidos sacode o cenário político brasileiro. O surpreendente é que isso não ocorre durante as eleições nacionais ou estaduais. Das 13,8 milhões de pessoas que assinaram ficha de adesão a alguma legenda desde 1995, 70% o fizeram no ano anterior a uma eleição municipal. É possível ainda relacionar essas ondas periódicas ao resultado das urnas. Partidos com mais filiados têm maiores chances de conquistar prefeituras, principalmente nas cidades menores.
Para decifrar a periodicidade das ondas de filiações, foram analisados 18 milhões de registros que os partidos entregaram em outubro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os dados revelam que são os pequenos municípios aqueles com menos de 20 mil votos válidos nas eleições para prefeito que determinam a lógica das filiações partidárias no Brasil.
O levantamento indica também como se dá a formação de um ciclo eleitoral que, em sucessivas votações, vai da esfera municipal ao plano federal. Partidos mais bem-sucedidos na cooptação de filiados conquistam mais prefeituras. Os prefeitos, na sequência, agem como cabos eleitorais de parlamentares e ajudam suas siglas a conquistar mais vagas nas assembleias legislativas e na Câmara dos Deputados. E partidos com mais deputados acabam com mais tempo de propaganda na TV para promover seus candidatos a governador e a presidente.
De todos os filiados a alguma sigla, 41% estão nos menores municípios, que, por outro lado, são responsáveis por apenas 31% dos votos nos pleitos municipais no país. Ou seja: há mais filiações por eleitor nas menores cidades que nas maiores. Nesses municípios menores, um crescimento de um ponto porcentual no número de filiados a um partido em relação às legendas rivais aumenta em quase 50% as chances de aquele partido lançar candidato a prefeito.
O cientista político Ricardo Ceneviva, da USP, acredita que as filiações são resultado de disputas internas: "Elas têm muito mais a ver com a briga pelo controle da máquina partidária do que com mobilização popular. Quanto mais gente o sujeito consegue trazer para o diretório municipal, maiores são as chances de que ele consiga lançar seu candidato a prefeito".
Foco
O professor do Insper Humberto Dantas afirma que as cidades acabam governando o ciclo político nacional. "Muita da nossa atenção é voltada às campanhas para presidente e governador, mas a maior parte dos cargos é disputada nos municípios. Não é de estranhar que tantos partidos concentrem seus esforços nas eleições municipais."
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