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O jornal britânico "Financial Times" publicou na segunda-feira reportagem afirmando que o destino do governo Lula nos seus quinze meses restantes será determinado pela escolha do novo presidente da Câmara dos Deputados. A publicação diz que, se o candidato do governo for eleito, será restaurada a governabilidade de uma administração que está à deriva devido a um escândalo que já dura quatro meses.

Se o candadato da oposição vencer, afirma o jornal, as chances de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vão ficar ainda mais fracas. O "Financial Times" diz ainda que, no caso de derrota, Lula corre o risco de se tornar um "cachorro-morto", numa tradução livre da expressão "lame duck" ( literalmente, pato manco).

Na reunião da coordenação política de segunda-feira, Lula determinou ao ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, que entre com força na candidatura do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) à presidência da Câmara. Lula e os ministros analisaram os vários cenários da disputa e concluíram pela necessidade de manter a mobilização para ampliar os votos para Aldo. Lula foi claro ao cobrar empenho de todos, inclusive do candidato, reiterando que o governo não pode perder mais uma vez.

O recado a Aldo foi claro: ele tem que ser mais ousado na caça aos votos. O cenário mais otimista indicaria que Aldo tem pelo menos 180 votos, o que garantiria sua presença no segundo turno, com mais alguns apoios nos partidos aliados. O presidente, apesar de estar ciente das dificuldades, gostaria de evitar a realização de um segundo turno para não ficar "refém de negociações e pressões" ainda maiores.

A avaliação do núcleo do governo era de que o deputado Ciro Nogueira (PP-PI), candidatura que começou a ser tratada com respeito pelo Planalto, poderá ser o escoadouro dos votos do baixo clero, antes comandado por Severino. Mas ainda assim a avaliação foi de que o candidato das oposições, José Thomaz Nonô (PFL-AL), está, no momento, com mais condições de passar para o segundo turno.

No Planalto, Lula determinou uma mobilização dos ministros partidários para ajudar na busca de votos em favor de Aldo. No PMDB, foram escalados Saraiva Felipe, da Saúde, Silas Rondeau, das Minas e Energia, e Hélio Costa, das Comunicações. Os três têm a missão de garantir os votos de pelo menos 50 peemedebistas para Aldo. No PTB, foi destacado o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia.

Na reta final da disputa, os principais candidatos travam uma batalha voto a voto para ver quem disputará o segundo turno. Nove candidatos estão formalmente no páreo: Aldo, Nonô, Ciro, Luiz Antonio Fleury (PTB-SP), João Caldas (PL-AL), Francisco Dornelles (PP-RJ), Jair Bolsonaro (PP-RJ), Wanderlei Assis (PP-SP) e Alceu Collares (PDT-RS). Aldo só registrou sua candidatura no final da tarde após ser sabatinado pelo PT.

Embora fizesse um esforço para não receber o carimbo de candidato do Planalto, Aldo continuou tendo em sua campanha o reforço de ministros como Hélio Costa, das Comunicações, e Luiz Dulci, da Secretaria de Comunicações do Governo.

Certos de que terão cerca de 180 votos, os líderes dos partidos da base do governo já trabalham apoios para o segundo turno. Eduardo Campos (PSB-PE) reuniu-se com José Múcio e obteve o compromisso de que uma parte do PTB votará em Aldo no segundo turno se o seu adversário for Nonô. Renan Calheiros encontrou-se com Ciro e também pediu apoio para Aldo.

- A nossa candidatura está consolidada e não há hipótese de retirada - disse Aldo.

Os coordenadores das campanhas dos principais candidatos faziam avaliação positiva das chances de ir ao segundo turno. Os aliados de Nonô estimam que ele teria entre 130 e 150 votos.

- Estou confiante que, além do PFL , do PSDB e do Prona, também me apóiem o PPS, o PDT e o PV - disse Nonô.

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