Afastado pela Justiça desde o mês passado do cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná (TC), Fabio Camargo falou ontem publicamente pela primeira vez sobre o caso. Disse que vai continuar lutando para reassumir a cadeira no TC por considerar que sua eleição para o cargo, em votação realizada pela Assembleia no mês de julho, foi "transparente" e "democrática". Mas admitiu que, por ser deputado à época, tem um contato mais fácil com os eleitores os colegas parlamentares. "Pela proximidade com os colegas, temos contato mais facilitado", reconheceu.
Mas Camargo rechaçou a hipótese de haver corporativismo na Assembleia na eleição para o TC. Ele ainda disse que aceita a pressão popular que questiona sua eleição. "Vejo isso com tranquilidade. A sociedade quer que a escolha seja feita de uma forma diferente, porque é tradição que os conselheiros sejam oriundos do Legislativo. A população vê isso com certo ranço."
Sobre a possibilidade de a Assembleia convocar nova eleição, Camargo disse entender que essa possibilidade está descartada. "Não há possibilidade de uma nova eleição, pois não existe nada de errado com a minha escolha", afirmou.
Recursos
Camargo impetrou mandado de segurança contra a liminar que o afastou do TC, mas o pedido foi indeferido. Agora, a defesa estuda alternativas jurídicas para rever a decisão.
O conselheiro disse ontem que não procedem nenhum dos argumentos que o afastaram do TC: a alegação de que Camargo não apresentou documentação necessária e que não obteve o número mínimo de votos para ser eleito em primeiro turno.
Sobre a documentação, Camargo afirmou que foi prejudicado em vez de beneficiado. "Quando saiu a relação dos candidatos no Diário Oficial, meu nome constava como se toda a documentação estivesse correta. Onde está meu benefício? A própria comissão que cuidava da eleição fez a diligência e buscou a certidão que faltava."
O conselheiro afastado alega ainda que teve votos de 27 dos 52 deputados que participaram da eleição metade mais um dos presentes, suficiente para elegê-lo em primeiro turno. A Justiça entendeu, porém, que havia 54 deputados pois Camargo e seu principal concorrente, o também deputado Plauto Miró (DEM), se abstiveram da votação, mas estiveram presentes. Nesse caso, seriam necessários 28 votos.
Camargo ontem rebateu esse entendimento. "Eu e o Plauto nos abstivemos da eleição antes de começar a votação; ou seja, estávamos ali como candidatos, e não como deputados", disse. Segundo ele, o Diário Oficial da Assembleia registra dois quóruns, um com 54 deputados e outro com 52, este último verificado pouco antes da votação para a escolha do conselheiro do TC.
Colaborou Angieli Maros
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