Traumatizado com o escândalo do mensalão, que teve como ponto de partida a arrecadação de recursos para gastos nas eleições municipais de 2004, o comando nacional do PT tenta mudar radicalmente de comportamento este ano. Diferentemente da última campanha para prefeituras, quando o Diretório Nacional bancou parte significativa das despesas de candidatos petistas e aliados, e assumiu uma dívida de R$ 27 milhões, a ordem esse ano é de restrição total e que cada candidato providencie o financiamento da sua campanha. Até o momento, a previsão preliminar do Secretário de Finanças do PT, Paulo Ferreira, é de que a direção nacional arrecade pouco mais de R$ 5 milhões para o material institucional de campanha.

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Segundo ele, a ordem é de só gastar o que conseguir de contribuição. Para pagar as despesas milionárias de 2004, foram feitos empréstimos com os bancos BMG, Rural e Banco do Brasil, que atingiram a soma de R$ 15 milhões. Para ajudar os candidatos na campanha de 2004, o PT comprou 2,5 milhões de camisetas da Coteminas, o que aumentou a dívida em R$ 10 milhões. Tudo isso desaguou no escândalo do mensalão.

Hoje, dirigentes petistas reconhecem que a campanha de 2004 foi o ponto de partida do endividamento recorde do PT, que mesmo depois da eleição presidencial de 2006, e depois de um longo esforço para sanear o partido, ainda tinha uma dívida de R$ 50 milhões. Hoje, as contas do PT ainda estão negativas em R$ 37 milhões. A direção nacional já mandou recado para os seus candidatos: o partido só vai ajudar na divulgação institucional.

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- Em 2004, houve a ilusão de que os recursos seriam ilimitados. O resultado disso foi o maior endividamento do partido. Naquela eleição, o PT assumiu várias despesas para as campanhas, como material, agenda e deslocamento. O custo era muito caro. Cada show custava entre R$ 30 mil e R$ 40 mil. Terminamos a campanha com uma dívida de R$ 27 milhões. Em 2008, será diferente: a decisão é de só contratar o que vamos poder pagar - afirmou Paulo Ferreira.

O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), reforça o tom cauteloso adotado pela direção do partido nessa eleição.

- Não vamos assumir dívidas e responsabilidades das candidaturas municipais. Acho que o partido aprendeu com o que ocorreu no passado recente. Por isso mesmo, todo mundo está fazendo uma campanha mais modesta e preocupado muito mais em mobilizar a militância. Está claro que dinheiro não ganha eleição - ressaltou Berzoini.

O próprio comportamento discreto e cuidadoso do atual tesoureiro Paulo Ferreira difere em muito da postura ousada de Delúbio Soares que, em 2004, chegou a anunciar uma campanha milionária para arrecadar fundos para a construção de uma nova sede para o PT em Brasília. Segundo Ferreira, serão modestos os gastos com broches e estrela, símbolo da legenda, bandeiras plásticas e adesivo com o número "13".

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