O prefeito Beto Richa (PSDB), que disputa a reeleição em Curitiba, afirmou estar surpreso com a grande vantagem adquirida sobre os outros sete adversários. Na pesquisa Ibope/RPC, divulgada na quarta-feira (10), Beto aparece com 74% das intenções de voto, contra 13% de Gleisi Hoffmann (PT). "Não esperava essa vantagem toda, fiquei surpreso e feliz com isso", disse Beto Richa. O candidato também afirmou que não tem planos definidos para 2010.
"Tenho um baixo índice de rejeição e isso vem chamando a atenção do Brasil. Faço política para servir, não tenho ânsias de cargos", afirmou. Beto Richa foi o terceiro candidato a participar da série de sabatinas promovida pelo jornal Gazeta do Povo. Beto foi entrevistado na tarde desta quinta-feira (11). Gleisi Hoffmann (PT) abriu a série na terça-feira (9) e Carlos Moreira (PMDB) foi o entrevistado na quarta (10). Leia os principais pontos da sabatina no Blog do Minuto
Apesar da ampla vantagem sobre os adversários, Beto Richa afirma que não existe clima de euforia na sua campanha. "Não diminuí o ritmo em razão das pesquisas", disse. Durante a entrevista, o prefeito disse que não existe a possibilidade de concorrer ao governo do estado em 2010, porém, em determinados momentos a fala não foi tão convincente.
"Não avalio a possibilidade de disputar o governo do estado. Vou cumprir o mandato de quatro anos", disse Beto no início da entrevista. Em determinado momento uma pequena mudança no tom: "Na política as coisas têm que acontecer de forma natural. Estou pensando nas eleições agora", afirmou dando margens para a interpretação que quando 2010 chegar tudo pode mudar.
Quanto a apoios para possíveis candidatos, Beto Richa ficou sobre o muro. O candidato afirmou que não definiu apoio nem para o senador Osmar Dias (PDT) nem para Rubens Bueno (PPS). "Quando definimos a aliança [coligação para a disputa à prefeitura] não acertamos nenhum compromisso para 2010", definiu.
Metrô
Beto Richa afirmou que as obras do metrô começam em 2010, caso ele seja eleito. "Isso é uma decisão inadiável. O metrô é uma necessidade em razão do aumento da cidade e da frota de veículos" afirmou. O prefeito e candidato a reeleição disse que o metrô será subterrâneo e sairá de qualquer forma, mesmo que não tenha verbas federais. "Claro que espero o apoio do governo federal, que vem construindo metrôs pelo país, mas existem vários órgãos internacionais interessados em investir no metrô", disse.
Richa se defendeu das críticas feitas por Gleisi Hoffmann (PT) durante a primeira sabatina realizada pela Gazeta do Povo. A petista disse que a licitação do metrô foi mal feita, por isso ainda não teria evoluído. Richa disse que houve um entrave jurídico para a licitação, "assim como houve com o consórcio do lixo", disse o prefeito. Richa também afirmou que "Gleisi precisa ser mais clara nas críticas", rebatendo a candidata.
Licitações emperradas
O prefeito foi questionado sobre os problemas enfrentados nas licitações municipais. Foram lembrados os casos do metrô, do lixo, do serviço funerário e do transporte coletivo. Segundo Beto Richa, existem várias pessoas interessadas em emperrar as licitações. "É um trabalho jurídico que demanda um tempo. Mas estamos conseguindo vencer", explicou. O prefeito garantiu que a licitação do transporte coletivo, que também ainda não foi finalizada, vai sair até o fim deste ano.
Beto Richa disse que isso está sendo feito com extrema cautela. "Nunca existiu licitação do transporte coletivo em Curitiba", afirmou o prefeito. Beto Richa também disse que a Urbs vai continuar gerindo o transporte coletivo na capital e na região metropolitana, onde há a integração.
Preço da passagem
Ao ser perguntado se haverá reajuste da tarifa, caso seja eleito para o segundo mandato, Beto Richa também afirmou que isso depende da conjuntura. "Vou manter [o preço da tarifa] o quanto eu puder. Isso é um problema técnico, não é político", explicou. O prefeito disse que vai dar o mesmo tratamento para o tema que foi dado até agora. Beto Richa explicou que o preço da tarifa não tem subsídios, mas o prefeito disse que não é contra isso.
Quando a questão foi sobre a utilização dos microônibus, sobre as reclamações de usuários e motoristas, Beto Richa disse que os veículos são utilizados conforme o horário e demanda das linhas. "Recebi algumas reclamações sobre isso [uso dos microônibus] e vou dar uma olhada", afirmou.
Linha Verde e trânsito
Richa se defendeu das críticas recebidas sobre a Linha Verde, que teria se transformado apenas em uma grande avenida. "O nome deixou de ser eixo-metropolitano, mas a função vai ser a mesma. Vai ligar os municípios vizinhos de Curitiba", disse. Ao responder se a obra foi mal planejada, como afirmou o candidato Carlos Moreira (PMDB), Richa foi incisivo. "Se não fosse um bom projeto o BID (Banco Internacional do Desenvolvimento) não iria financiar", afirmou.
O prefeito reconheceu que talvez, no futuro, sejam necessárias as construções de trincheiras e viadutos no local. "Mas, após ser dado o início [da Linha Verde] é mais fácil para arrumar depois", disse Richa. Ele afirmou que muitos viadutos e trincheiras atrapalhariam os terminais de ônibus. Durante a entrevista, os jornalistas lembraram que a obra da Linha Verde começou na gestão de Cassio Taniguchi. Ao ser perguntado se pensa em qual grande obra deixará para a cidade, Beto Richa disse que não se preocupa com isso.
"Não tenho necessidade da paternidade de grandes obras. Quero atender bem à população. Não preciso deixar nenhuma grande obra vinculada ao meu nome, prefiro fazer trabalhos sociais", afirmou e citou os programas Armazém da Família e o Mãe Curitibana.
Para o trânsito, Beto Richa citou os binários como melhor solução. "Não sou contra viaduto e trincheiras, mas não é sempre que eles resolvem problemas de trânsito. Especialistas dizem que um viaduto só liga um congestionamento ao outro", disse Beto. O prefeito afirma que os binários têm bem mais vida útil. O prefeito também reconheceu que o sistema de semáforos está defasado em Curitiba. "Dá para modernizar o sistema. Estamos estudando isso", definiu. Para Richa, Curitiba não precisa de pedágio urbano.
Sogra fantasma
Beto Richa afirmou que o caso da "sogra fantasma" já foi encerrado e não teve nada a ver com ele. O ex-chefe de gabinete da prefeitura Ezequias Moreira Rodrigues se envolveu numa denúncia de funcionários fantasmas na Assembléia Legislativa. A sogra de Rodrigues, Verônica Durau, recebia salários da Assembléia sem nunca ter trabalhado na Casa. O dinheiro ia direto para a conta de Ezequias. A denúncia foi publicada pela Gazeta do Povo em agosto do ano passado.
"Esse caso aconteceu na Assembléia Legislativa, foi um fato já encerrado e não tive nenhuma participação. Foi com outra pessoa", disse Beto Richa. "Foi o único deslize de Ezequias, mas ele está pagando pelo erro", explicou Beto Richa. O prefeito afirmou que tem 31 mil servidores ativos. "Cobro muito da equipe, sou rigoroso. Se um ou outro tem um desvio vai pensar 10 vezes antes de cometer um ato ilícito", definiu.
Relacionamento com o governador
Beto Richa espera que a relação com o governador Roberto Requião (PMDB) melhore após as eleições. "Já tive alguns sinais disso. Da minha parte não tenho dificuldades com ninguém", explicou. Ao ser sugerido a fazer uma avaliação de Requião, Richa não foi conciliador. "Essa avaliação deixa muito a desejar, até pelo estilo pessoal dele. O político deve ser o primeiro a dar o exemplo, de equilíbrio, de diálogo. Mas, como todo mundo tem uma personalidade, não cabe a mim julgar", disse.
Nepotismo
O prefeito afirmou ser contra o nepotismo, mas não sabe ainda se a mulher Fernanda Richa e o irmão José Richa Filho voltarão ao governo para um segundo mandato. "Sou contra o nepotismo. Para mim, isso é um governante encostar um parente para ter um salário no fim do mês. Meu irmão já foi secretário. No Brasil é tradição a primeira dama cuidar da área social. Os dois estão afastados e cuidando da minha campanha", disse. Richa afirmou que cumpre a lei e ainda não pensou no secretariado para o segundo mandato, se for eleito. "Não pensei se os dois vão voltar para o governo municipal. Sinceramente não pensei nisso", disse.
Publicidade e tributos
Bastante criticado quanto aos gastos com publicidade, Beto Richa disse que gasta aproximadamente de R$ 8 milhões por ano com propagandas. Ele afirmou que não precisa de autopromoção, defendendo-se das críticas dos adversários. "Nunca precisei disso. Sempre agi com discrição. Adotei o brasão da cidade como símbolo", disse.
O prefeito afirmou que se for reeleito manterá o sistema de cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Richa destacou que não pode abaixar impostos para não abrir mão de receitas para o município. "Confio muito no nosso secretário de finanças. Não posso abrir mão de receitas para o município. Posso perder o mandato por isso", afirmou.
Mensagem final
Beto Richa deixou uma mensagem de otimismo no fim da entrevista e agradeceu aos eleitores de Curitiba. "Agradeço pelo índice altíssimo de aceitação e baixo de rejeição, isso foi conseguido acima de tudo com respeito às pessoas. Sinto-me honrado em ser prefeito dessa cidade e estar na frente desse processo de eleição", definiu o prefeito Beto Richa (PSDB), na mensagem final da sabatina com jornalistas da Gazeta do Povo.
Próxima entrevista
Nesta sexta-feira (12) o entrevistado será o candidato Fabio Camargo (PTB) e haverá o acompanhamento em tempo real pelo Blog do Minuto a partir das 14 horas. O eleitor pode enviar suas perguntas para o e-mail sabatinas@gazetadopovo.com.br. As perguntas ofensivas serão descartadas.
Na próxima semana, na segunda e na terça-feira, serão sabatinados os outros quatro candidatos, dois em cada dia.
A Gazeta do Povo publica na edição desta sexta-feira os principais trechos da entrevista com Beto Richa e também as respostas às perguntas dos eleitores
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e apoiadores reagem a relatório da PF que indiciou 37. Assista ao Entrelinhas
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Otan diz que uso de míssil experimental russo não vai dissuadir apoio à Ucrânia
Deixe sua opinião