Prevaleceu a cautela no primeiro dia de campanha dos nove candidatos a prefeito de Londrina, Norte do Paraná, no rádio e na televisão. O tom geral foi de apresentação dos candidatos, mostrando um breve currículo de cada um e já preparando o discurso para enfrentar fantasmas imaginários ou reais. As críticas à gestão do prefeito Nedson Micheleti (PT) foram sutis, tão sutis quanto a "defesa" que o candidato oficial, André Vargas (PT), fez do seu aliado e companheiro de partido. Vargas não citou o nome de Nedson uma única vez no programa. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apareceu na campanha do petista em charge, foto e numa imitação da sua voz, pedindo votos para o deputado federal.
A estratégia se justifica: de acordo com a pesquisa Ibope/RCP, divulgada na semana passada, a gestão de Nedson é considerada "péssima" ou "ruim" por 50% do eleitorado londrinense. Já o presidente Lula, faz um governo considerado "ótimo" ou "bom" por 48% dos londrinenses. "André vai ampliar os programas sociais do presidente Lula", anunciou a locutora. Mesmo sendo o candidato oficial, Vargas se colocou como candidato da "mudança" e da "renovação".
No front oposicionista, os mais incisivos foram Luiz Eduardo Cheida (PMDB) e Antonio Belinati (PP). O peemedebista falou em "reconstrução" da cidade e usou uma apresentadora para dizer que "houve época em que Londrina foi mais feliz". Na tela, Cheida disse que há um "vazio de poder" que "transformou a cidade em casa abandonada". Ele pediu licença para "oferecer idéias e soluções" e "humildade" para que "não me sinta tentado, chicote à mão, a expulsar do templo, todos que saquearam e envergonharam a nossa cidade". Belinati fez uso do jingle antigo, mostrou obras de suas outras gestões e prometeu "dar uma sacudida nessa área de saúde, que está um caos". Dizendo que faria "as obras que Londrina reclama".
Vice-líder e terceiro colocados no Ibope, Barbosa Neto (PDT) e Luiz Carlos Hauly (PSDB) usaram o programa para se apresentar. O pedetista mostrou sua trajetória de rapaz de origem humilde que veio para Londrina estudar na UEL e que "deu certo", versão pé-vermelho de "self made man (o homem que se fez sozinho)" e tentou se colocar como "preparado" para administrar e como conhecedor "dos problemas do povo". Críticas à administração municipal, só nas entrelinhas: "Londrina vai sorrir novamente". Ele se mostrou como candidato que pode "polarizar", sem citar o pólo oposto, que seria Belinati.
Hauly se apresentou como "gente que faz" e tentou colar sua imagem na de outros tucanos que estão no governo, como o governador José Serra (SP) e o prefeito de Curitiba, Beto Richa. O senador Álvaro Dias também foi ao ar para defender a candidatura do tucano. Ele também falou em fazer uma campanha "interativa" e comparou a administração municipal com um jogo de basquete, esporte do qual é adepto, para frisar o "trabalho em equipe".
Apresentação em pouco mais de um minuto
Com pouco mais de um minuto na televisão, os candidatos de partidos pequenos também foram à luta pela preferência do eleitorado. Marcelo Urbaneja (PTdoB) se colocou como opção aos "grupos que se revezam no poder em Londrina há quase 20 anos", mas não fez citações nominais. Marcos Colli tentou apresentar o PV, referindo-se a ele como "um partido muito sério que não nasceu no Brasil". Falou de sua trajetória, usou como trunfo a certidão de nascimento (diz ser o único candidato que nasceu em Londrina). Vilson Machado (PSol) apresentou seu candidato a vice, mostrou um vídeo com a ex-senadora Heloísa Helena (AL), que disputou a presidência da República em 2006 pela legenda, pedindo votos para ele. Com o hino da Internacional Comunista de fundo, Amadeu Felipe (PCB) criticou: "Londrina cresce apesar de seus últimos prefeitos". O comunista declarou que "mediocridade e ausência criaram o desânimo", disse acreditar "no povo" e afirmou que pretende realizar "um processo de reconstrução de Londrina".
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