A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, entra para valer nas campanhas municipais dos candidatos do PT nas principais cidades brasileiras. Em Curitiba, a ministra reforçou nesta sexta (15) a candidatura petista à Prefeitura de Curitiba, Gleisi Hoffmann, que está bem distante do candidato à reeleição, o prefeito Beto Richa (PSDB). Enquanto Gleisi possui 13% das intenções de voto, o tucano ostenta uma margem tranqüila de 72%. Na tentativa de reverter o cenário desfavorável do PT em Curitiba, Dilma está cumprindo uma intensa programação, que vai de caminhada pelo centro da cidade no sábado até um jantar na noite desta sexta para reforçar o caixa da campanha com adesão ao valor de R$ 1 mil por cabeça.
Nesta sexta-feira (15), além de caminhar pela ruas das Flores e Boca Maldita, no centro da capital, Dilma vai participar da gravação no programa de campanha da candidata, esposa do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
- Já cumpri agenda em Porto Alegre, em São Paulo e estou aqui em Curitiba. A orientação do governo é levar em conta que sou ministra do governo Lula e portanto a gente sempre procura quanto mais próxima do conjunto dos partidos que sustentam a base do governo - disse ela, ao chegar a Curitiba.
Dilma voltou a defender a isenção do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cujo repasse dos recursos é feita sem distinção de partido político.
- O PAC não é eleitoreiro de nascença. Não olhamos a filiação do governo ou do prefeito. Escolhemos as obras que beneficiam não o prefeito ou o governador, mas a população - garantiu.
No entanto, Dilma deixou claro que o projeto do governo Lula é diferente, justificando sua presença na campanha petistas nas capitais.
- Temos um projeto de política diferente. Isso nos distingue. É dando que se recebe não é a concepção para distribuição de renda para os municípios. Vemos como parceiros e não como clientes a quem se atribui uma situação de subserviência.
Com discurso afinado de eventual presidenciável, desfiando vários feitos do governo federal, a ministra cutucou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao defender a competência do governo em controlar a inflação e tirar o país da crise:
- Se tivéssemos um projeto igual ao de todo mundo, não teríamos o nível de modificar a qualidade da educação, porque estaria assegurada, não teríamos controlado a inflação, segurado a fragilidade imensa cambial e financeira desse país, que levou a quebrar duas vezes. Recebemos o país em crise em 2002 - criticou.
Atenta à ameaça da inflação, a ministra aposta na desaceleração dos preços dos alimentos, que pressionam os índices.
- Houve de fato no primeiro semestre houve uma aceleração grande no preço dos alimentos. Agora começou a ter uma queda expressiva. É tudo cadente, quedas inclusive muito expressivas. O trigo nos últimos 30 dias está com queda de 26% e está caindo tudo. Estamos atentos a essa questão e por isso elevamos os juros.
Ministra evita atritos com Judiciário
Com habilidade, a ministra procurou evitar atritos com o Judiciário, esquivando-se de qualquer tipo de opinião contraditória à posição oficial declarada pelo presidente Lula.
Presa política por três anos na época da ditadura militar, Dilma minimizou a possibilidade de abertura da Lei de Anistia.
- Fui de fato por três anos presa política. Minha posição é a do governo nessa como em outras questões. Dou o assunto por encerrado como sendo problema do Judiciário.
Dilma também limitou comentários sobre a restrição do uso de algemas decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF):
- A gente respeita os outros poderes. As decisões do Supremo Tribunal Federal são decisões respeitadas. Isso é muito importante para manter a estabilidade institucional.