No último de quatro comícios dos quais participou no final de semana em São Paulo e no ABC paulista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou o palanque para comemorar a popularidade de seu governo. Três anos depois da eclosão do escândalo do mensalão, Lula lembrou a maior crise política vivida desde que chegou ao Palácio do Planalto e rebateu ataques recebidos em 2005 de partidos que hoje concorrem com o PT na disputa municipal.

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Num discurso de aproximadamente 40 minutos em Santo André, onde o PT disputa a prefeitura com o deputado estadual Vanderlei Siraque, o presidente centrou fogo no PSDB e no PFL. De acordo com ele, as duas legendas estavam por trás das "bravatas" feitas durante a crise do mensalão.

"Em 2005, veio a guerra contra o PT. Vocês sabem o que nós passamos, vocês sabem as infâmias, as leviandades", disse Lula, para uma platéia de aproximadamente 4 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar. "Vocês sabem quantos companheiros nossos foram crucificados antecipadamente", completou. Além disso, disse o presidente, seu partido chegou a ser "acusado de ter matado" o prefeito Celso Daniel, morto em 2002.

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Lula contrapôs as críticas recebidas em 2005 à atual popularidade de seu governo. A última pesquisa Ibope, encomendada pelo jornal "O Estado de S.Paulo" e pela TV Globo, apontou que 31% dos paulistanos votariam no candidato indicado pelo presidente nas eleições municipais deste ano. "Hoje eu estou prazerosamente feliz. Porque, depois de apanhar por cinco anos, eu vejo na própria imprensa que me bate o sucesso da credibilidade do governo na opinião pública do País", disse o presidente.

Ainda em uma referência à crise atravessada em 2005, Lula disse ter pensado na época que lhe restava apenas ter "paciência". "Eu olhava do lado de lá e quem é que estava nos acusando? Quem é que estava nos denunciando? Não era ninguém melhor do que nós, não era o povo. Era a oligarquia política que governava este País há 500 anos", disse o presidente.

Ele contou que, então, disse à primeira dama Marisa Letícia: "Não vou ficar dentro de casa ouvindo eles me xingarem. Não vou ficar ouvindo as bravatas do PFL e do PSDB".

O comício de hoje encerrou a maratona feita por Lula em sua estréia na corrida municipal deste ano. No sábado, pela manhã, ele esteve em São Paulo para uma carreata seguida de comício com a candidata do PT à prefeitura, Marta Suplicy. À noite, Lula foi a São Bernardo com o ex-ministro Luiz Marinho (PT) e, em seguida, a Diadema com o deputado estadual Mário Reali (PT). No discurso deste domingo, o presidente deu menos destaque à política local do que nos demais comícios. Ele avisou que voltará ao ABC paulista na campanha, para mais um comício em Mauá.

Obra

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Lula também aproveitou o discurso de hoje para ironizar mais uma vez a imprensa ao falar sobre as obras da Universidade Federal do ABC. Na semana passada, o jornal "O Estado de S.Paulo" noticiou que o presidente viria a São Paulo na sexta-feira, para inaugurar apenas um de seis prédios da universidade, que só deve ficar pronta em 2009.

"Eu sei que disseram na imprensa: ‘O Lula vem aqui inaugurar obra inacabada’. Eu vim foi inaugurar o meu compromisso de entregar o bloco B da universidade", disse o presidente, voltando a afirmar que vai entregar a obra completa no próximo ano.

Durante o discurso em Santo André, Lula também voltou a dizer que o Brasil vive atualmente "o melhor momento dos últimos 40 anos". De acordo com o presidente, trata-se do resultado do esforço feito desde 2003, classificado por ele como o ano mais difícil de sua gestão do ponto de vista administrativo. Na época, disse Lula, os principais economistas ligados ao PT diziam que o País estava prestes a quebrar.

"Eu pensava, puxa vida. Em que enrascada esses companheiros me meteram. Me colocaram para governar um país que eles próprios dizem que não tem jeito, que vai quebrar", afirmou Lula. "Prevaleceu uma coisa que a gente não aprende na escola, uma coisa que a gente aprende na vida: a lei da sobrevivência."