"Resta inequívoca a comprovação do efetivo recebimento de parcelas dos desvios de financiamentos do BNDES pelo deputado Paulo Pereira da Silva, quantias que foram pagas nos exatos valores previstos pela quadrilha", afirma a Polícia Federal em documento de 14 páginas encaminhado em julho à Procuradoria da República. O relatório, subscrito pelo delegado Rodrigo Levin, aborda exclusivamente a suposta ligação de Paulinho da Força (PDT-SP) com o esquema de desvio de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social que a Operação Santa Tereza desvendou em abril. Paulinho vai depor nesta terça-feira (12) na PF.
"Além disso, resta configurado o crime de lavagem de dinheiro por parte de Paulo Pereira, que utilizou pessoas jurídicas com as quais tem ligações para depositar suas quantias desviadas, como forma de ocultar e dissimular a origem e o recebimento dos valores", assinala o documento, com base em rastreamento bancário
A pesquisa pegou contas do empresário Marcos Mantovani e de duas ONGs - Meu Guri, presidida por Elza Pereira, mulher de Paulinho, e Instituto Brasileiro Deppsch Trabalho, que receberam depósitos do lobista João Pedro de Moura, ex-assessor do deputado. O delegado juntou microfilmagens de cheques e do extrato bancário de Mantovani. Fez cruzamento de telefonemas grampeados de integrantes da organização.
"O objetivo deste relatório é demonstrar que, após a obtenção das informações bancárias, o deputado Paulo Pereira foi efetivamente beneficiário de valores desviados de financiamentos do BNDES à prefeitura de Praia Grande e às Lojas Marisa."
ONG
O levantamento, diz a PF, "comprova a co-autoria do delito e desconfirma a versão de que seu nome (Paulinho)estaria sendo utilizado indevidamente". Um repasse foi de R$ 82,1 mil, em cheque. "O fato relevante é que o cheque foi efetivamente compensado na conta de uma ONG que funciona no mesmo prédio da Força Sindical, no dia 28 de março. O destinatário final era Paulo Pereira, tendo a ONG sido utilizada no processo de lavagem do dinheiro.
"A PF diz muito e prova pouco", reagiu Leônidas Scholz, defensor de Paulinho. Carlos Kauffmann, que defende Mantovani, afirma que o empresário jamais recebeu dinheiro do BNDES. Tales Castelo Branco, advogado de Moura, sustenta que ele não participou de desvios.
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