Pré-candidatos à Presidência da República aproveitarão a propaganda eleitoral em rádio e televisão para aumentar a exposição de seus nomes em todo o país com vistas a 2010.
Os programas em rede nacional começaram nesta terça-feira e acabam no dia 2 de outubro. Nas cidades em que houver segundo turno, a propaganda recomeçará em 13 de outubro e acabará no dia 24 do mesmo mês.
O interesse dos aspirantes ao cargo de presidente nas campanhas locais é estratégico. Além de ajudarem as candidaturas de aliados, eles tentam promover suas próprias imagens junto ao eleitorado. Do ponto de vista dos candidatos a prefeito e vereador, essas aparições também são positivas.
Para o diretor de Projetos do Instituto Sensus, Américo Antunes, participações de ministros ou governadores nos programas de televisão podem significar para os eleitores que esses candidatos têm influência política e terão mais capacidade para governar.
"É uma via de mão dupla. Para governadores e ministros, essa é uma exposição preciosa, que acaba sendo um trampolim para o momento seguinte em que eles serão candidatos", ressalta o diretor do instituto de pesquisas de opinião.
Professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer pondera que a participação de ministros e governadores em campanhas de aliados já é uma tradição no Brasil. Nesse caso, complementa o especialista, eles querem garantir o apoio de prefeitos e vereadores em futuras eleições.
PAC e Bolsa Família
Apontada como a favorita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para disputar a eleição presidencial de 2010, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, já gravou participações especiais para os programas de televisão das candidatas petistas Maria do Rosário e Gleise Hoffmann, que disputam as prefeituras de Porto Alegre e Curitiba, respectivamente. Quando esteve nessas duas capitais, Dilma colaborou ainda com as campanhas de correligionários de outras cidades desses dois Estados.
A chefe da Casa Civil também aparecerá em inserções país afora, que foram gravadas em um estúdio alugado pelo PT em Brasília. Além de apoiar os candidatos da legenda, Dilma, apelidada pelo presidente de "mãe do PAC", discorrerá sobre os benefícios das obras do Programa de Aceleração do Crescimento para o país.
Além de Dilma, o PT também colheu depoimentos dos ministros Tarso Genro (Justiça), Fernando Haddad (Educação) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome) - também cotados para suceder o presidente Lula.
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério do Desenvolvimento Social, Patrus abordou nas participações que gravou as realizações do governo Lula na área social. O ministro é o responsável pelo Bolsa Família, principal programa de distribuição de renda do Executivo.
O PT e os ministérios da Educação e da Justiça não quiseram detalhar as participações de Haddad e Tarso nos programas de televisão dos candidatos do partido nas eleições municipais de outubro.
Ciro e Aécio
Também da coalizão governista, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE)tem enfrentado uma maratona de gravações. Segundo a liderança da sigla na Câmara, que coordena as participações dos deputados nas campanhas municipais, o ex-ministro da Integração Nacional é um dos mais procurados pelos candidatos do PSB.
Quando tem tempo, Ciro vai ao estúdio alugado pelo PSB na capital federal. Se tem algum problema de agenda, o deputado grava os depoimentos no Salão Verde da Câmara.
Os publicitários do PSB já captaram as declarações de Ciro para os candidatos do partido que concorrem em São Paulo, no Maranhão, no interior do Piauí e municípios da Paraíba, de Goiás, do Mato Grosso do Sul, de Santa Catarina, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Pernambuco. A idéia do PSB é levar a imagem de Ciro pelo menos a todas as cidades do país em que o partido tem candidato a prefeito.
Na oposição, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, é o pré-candidato à Presidência com maior exposição, presente até em programas de candidatos a vereador. O tucano já gravou discursos para os programas de televisão dos candidatos a prefeito do PSDB em cidades do Rio de Janeiro, Acre, Paraná e Pará. Depois que voltar da Itália, decidirá onde mais aparecerá na TV.
Em Minas, no entanto, o governador age com cautela. Aécio só irá aderir a campanhas em cidades onde seus aliados não concorrerão entre si. A assessoria de imprensa do governador de São Paulo, José Serra, negou-se a comentar a participação do tucano nas eleições municipais. Antes de viajar ao exterior, o governador gravou participação para a campanha de Geraldo Alckmin, que tenta conquistar a prefeitura da capital paulista.
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