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A executiva regional do PT do Rio de Janeiro e a bancada do partido na Assembléia Legislativa se reúnem na próxima segunda-feira (1º) para decidir sobre o afastamento do deputado estadual Jorge Babu, acusado pelo Ministério Público de envolvimento com milícias. De acordo com o presidente regional do PT do Rio, Alberto Cantalici, há uma grande pressão dentro do partido pelo afastamento de Babu.

A reunião servirá para decidirmos qual será o procedimento adotado. Sabemos que será um procedimento sumário, mas é necessário que o estatuto do partido seja cumprido, dando a ele o amplo direito de resposta, explicou Cantalici.

Na opinião do deputado federal petista Antônio Carlos Biscaia, que é coordenador do Núcleo de Segurança Pública do PT Nacional, a decisão de afastar Babu é tardia e o diretório regional do partido é responsável pelo desgaste sofrido pela legenda devido s denúncias contra o parlamentar. A decisão de manter um bandido desses no partido só poderia dar nisso, disse o deputado, que já ocupou a Secretaria Nacional de Segurança Pública, órgão ligado ao Ministério da Justiça.

Biscaia também é a favor da expulsão do irmão de Babu, Elton Babu, candidato a vereador pelo PT. Cantalici é contra isso. Temos que tomar nossas decisões independentemente das eleições. Não podemos afastar o irmão dele que não tem nada a ver com os crimes, disse o presidente do PT. Biscaia contra-argumenta: É necessário também expulsar o irmão dele. O partido tem que empunhar de novo a bandeira da ética.

Biscaia lembrou que na ocasião em que Jorge Babu foi preso em uma rinha de galo no Recreio dos Bandeirantes, o partido havia decidido pela sua expulsão. Babu teria então entrado com um recurso,. que nunca chegou a ser julgado pela executiva do partido, e conseguiu se candidatar a deputado pela legenda.

Na época, só três pessoas do partido se levantaram contra a candidatura dele Assembléia Legislativa: Inês Pandeló, Alessandro Molon e eu. Portanto, o diretório regional do PT tem responsabilidade pelo que está acontecendo dentro do partido, destacou Biscaia.

Jorge Babu era policial civil no bairro de Santa Cruz, onde nasceu e foi criado. Ele se elegeu duas vezes vereador pelo PT. Na primeira eleição, em 2000, obteve 13.572 votos. Em 2004, sua votação para a reeleição como vereador pulou para 23.788. Em 2006, Babu conseguiu se eleger deputado estadual com 32.486, todos na zona oeste do Rio de Janeiro, região controlada pela ação miliciana.

O Ministério Público do Rio de Janeiro acusa Babu, o tenente-coronel da PM Carlos Jorge Cunha e mais nove pessoas de integrar a milícia que age nos conjuntos habitacionais da Rua Murilo Alvarenga (em Inhoaíba), Cesarinho (em Paciência) e na Comunidade da Foice. Entre os acusados estariam um fuzileiro naval, um bombeiro, dois policiais militares e cinco moradores da Zona Oeste. Todos tiveram prisão preventiva pedida pelo Ministério Público, com exceção de Babu que tem foro privilegiado por ser deputado e só pode ser preso em flagrante.

A Corregedoria da Polícia Civil fez as investigações com base em interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça. Essas ligações demonstram a cobrança de taxas de segurança de comerciantes que variam de R$ 10 a R$ 100 por semana, de acordo com matéria publicada hoje (29) pelo jornal O Globo.

Segundo a denúncia, o grupo chefiado por Babu estaria agindo desde o final de 2005, com práticas típicas da atuação de milícias como uso da violêncioa para fazer cobranças, emprego de armas de fogo, inclusive fuzis, imposição de monopólio na venda de gás e na distribuição clandestina de TV a cabo ("gatonet").

As investigações teriam partido da denúncia feita em maio de 2007 por um comerciante da Comunidade da Foice, em Pedra de Guaratiba, expulso pela milícia. Ele teria reclamado que o grupo havia implantado uma rede de "gatonet" na sua loja, que oferecia o serviço de forma legalizada. O comerciante faz parte agora do Programa de Proteção a Testemunhas.

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