Aos poucos a eleição começa a ganhar as ruas e os meios de comunicação, incluindo a internet. Mesmo que uma recente pesquisa do Datafolha tenha apontado que um número mínimo de eleitores usará a rede para definir seu voto, os candidatos veem a internet como parte importante das estratégias de comunicação. Pelo que mostram as primeiras ações, eles devem apostar com tudo nas redes sociais, uma mania do internauta brasileiro.
Os melhores caminhos para chegar ao eleitor, no entanto, ainda são um mistério a ser revelado nas próximas semanas. "Essa eleição será um grande laboratório para o uso das mídias sociais. Alguns políticos já estão na rede há algum tempo, outros ainda não. Ainda estamos aprendendo a lidar com elas", diz a consultora de marketing político Gil Castillo.
Obama
A julgar pelas pesquisas, é difícil que a eleição brasileira veja um fenômeno parecido com o provocado pela campanha de Barack Obama, em 2008, nos Estados Unidos. A atuação na internet do então candidato à presidência americana provocou o que chamou-se na época de uma "pequena grande revolução" na maneira de fazer campanha política. Os números 120 mil seguidores no Twitter, 2,3 milhões de membros na comunidade do Facebook e 11 milhões de acessos a um vídeo no YouTube podem parecer modestos se comparados ao poder de alcance das mídias tradicionais, mas ninguém tem dúvidas de que eles fizeram a diferença no resultado da eleição pelo poder de multiplicar ideias e influenciar pessoas.
Na visão do sócio-diretor da agência especializada em internet CdClip, Cláudio Odri, o grande mérito da campanha de Obama foi saber ler com clareza a realidade da sociedade americana naquele momento. "Existiam condições para que essa campanha digital acontecesse com força e eficiência. No Brasil, essa é uma realidade localizada e concentrada. O que não quer dizer que seja desprezível", diz no artigo "Eleições 2010 e as mídias sociais: uma nova cultura democrática".
Para a professora e pesquisadora Adriana Amaral, especializada em redes sociais, ainda é difícil precisar o que vai acontecer no Brasil. "Uma campanha na internet e nas redes sociais pode, sim, trazer muita repercussão, mas é preciso lembrar que muitos brasileiros não têm acesso, não estão incluídos nessas novas tecnologias", diz. Ela não tem dúvidas, no entanto, de que os candidatos precisam estar presentes na internet e, principalmente, dispostos a "ouvir" o que os eleitores têm a dizer sobre eles.
Contato
Mais do que uma estratégia de marketing, os especialistas defendem que as redes sociais criam um novo e eficiente ponto de contato entre candidatos e eleitores. "O relacionamento com o eleitor vai ter de passar por elas. Como fazer isso é a grande questão, para que as informações não sejam entendidas como invasão de privacidade ou spam. Do contrário, ela pode jogar contra o candidato", diz Adriana. Para Odri, a internet pode dar mais transparência aos processos políticos sedimentando a nossa "jovem e ingênua" democracia.
A consultora Gil Castillo também acredita que a internet vai contribuir para o processo eleitoral, à medida que abre plataformas de diálogo, de interação entre os eleitores e os políticos. Ela lembra, no entanto, que as mídias sociais são apenas uma parte da estratégia de marketing das campanhas, que precisa ser combinada com outras ações.
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