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Para Dilma, falhas na política carcerária de São Paulo permitem aos criminosos comandar ações de dentro das cadeias | Marcello Casal Jr./ABr
Para Dilma, falhas na política carcerária de São Paulo permitem aos criminosos comandar ações de dentro das cadeias| Foto: Marcello Casal Jr./ABr

PCC

Tucanos acusaram PT em 2006

Da Redação

Ataques da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo, em 2006, levaram o então candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, a sugerir que a polícia investigasse uma possível ligação do PT com o grupo criminoso. O vice na chapa de Alckmin, senador José Jorge (hoje ministro do Tribunal de Contas da União), disse estranhar que atentados atribuídos ao PCC acontecessem pouco antes da divulgação de pesquisas eleitorais que, segundo ele, mostrariam o tucano à frente do petista Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição. Em agosto, o então secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, afirmou que inquéritos policiais indicavam uma "correlação" entre o PT e o PCC. Segundo ele, o partido e a facção criminosa mantinham relações desde 2004.

O primeiro ataque do PCC foi no dia 12 de maio daquele ano. Houve rebeliões em 24 unidades prisionais do estado. Segundo balanço divulgado no dia 18 de maio pelo governo de São Paulo, foram registrados 82 ataques a ônibus, 56 a casas de policiais e 17 a agências bancárias ou caixas eletrônicos, totalizando 293 ocorrências. De acordo com a Secretaria da Segurança, 152 pessoas morreram (107 suspeitos de ligação com o PCC, 41 policiais ou agentes de segurança e quatro civis). Outras 54 pessoas ficaram feridas. Na época, o governo de São Paulo atribuiu a ação do PCC à transferência de líderes da facção para a cadeia de segurança máxima de Presidente Venceslau, no interior do estado. A ordem para iniciar os ataques teria partido de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, um dos líderes do PCC.

Entre os dias 11 e 14 de julho, outra ação atribuída à facção criminosa terminou com ônibus incendiados ou alvejados, além de prédios públicos, lojas e agências bancárias atacadas. Oito policiais morreram. Entre 7 e 9 de agosto foram registrados outros 205 ataques no estado. O PCC utilizou bombas caseiras contra os prédios do Ministério Público de São Paulo e da Secretaria de Estado da Justiça.

São Paulo - As candidatas à Presidência da República Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) criticaram ontem a política de segurança pública de São Paulo, estado que era governado até março pelo candidato do PSDB à Presidência, José Serra. Em menos de 17 horas do último fim de semana, foram registrados ataques ao comandante das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), o tenente-coronel Paulo Adriano Lopes Telhada, e ao batalhão da corporação. Um homem foi morto pelos policiais e pelo menos 15 veículos foram incendiados na capital paulista.

Dilma Rousseff lamentou os ataques e sugeriu que há falhas na política carcerária do estado, base de José Serra, ao usar o Rio como exemplo. "Nós tivemos uma política no Rio de Janeiro que não acaba com a violência, mas ela dificulta extremamente que o crime organizado utilize as cadeias como plataforma para agir. Foi a transferência de presos para presídios de segurança máxima [federal]", disse a petista, que afirmou ter lido nos jornais que o ataque foi feito por ordem da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) – ontem, o governador de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), admitiu que as ações podem ter sido planejada por alguma facção criminosa.

Questionada sobre o ataque à sede da Rota, Marina Silva disse ontem em Jundiaí que São Paulo passa por "problemas de descontrole" na área da segurança. "Se você observar, estados como o de São Paulo, que tem 20 anos do mesmo governo e que é o mais rico da federação, pagam um dos piores pisos salariais do país para os policiais", disse a candidata do PV. "Nós temos problema de descontrole da segurança, como nós vimos aqui no estado." O estado é governado pelo PSDB há quatro gestões.

Ligação

O candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, também criticou as administrações tucanas em São Paulo após os ataques à Rota. O petista sugeriu que há ligação entre os episódios com a facção criminosa PCC, ao dizer que a criminalidade aumentou por falta de controle nos presídios. "É evidente que em São Paulo o governo perdeu o controle do sistema prisional e foi de dentro dos presídios que essas facções criminosas se organizaram e têm mostrado sua força", disse o petista.

Para Mercadante, as cidades do interior do estado ficaram menos seguras com os presídios inaugurados durante as gestões tucanas. "Hoje tem 59 mil presos além da capacidade prisional e nas delegacias pouco mais de 8 mil presos, e não é função da Polícia Civil ser guarda penitenciário. O governo do estado nesses 16 anos espalhou presídios pelo interior sem nenhuma medida preventiva ou compensação para essas cidades."

No domingo, o candidato do PSDB ao governo, Geraldo Alckmin, disse que os ataques são uma reação ao trabalho da polícia. "Certamente isso é uma reação à ação da polícia. E o que tem que fazer não é retroagir, não é voltar atrás um milímetro. É ter firmeza no trabalho. Temos uma polícia extremamente ativa, e ela vai descobrir esses criminosos e vai prendê-los", afirmou. Alckmin minimizou um eventual impacto dos ataques em sua campanha e citou a redução dos índices de criminalidade no estado, especialmente homicídios e latrocínios. O estado de São Paulo é governado há 15 anos pelo PSDB.

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