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Reação - Eleitor gosta de ter nova opção

Convencer alguém a votar em um candidato em que a pessoa nunca ouviu falar é uma tarefa difícil. Candidatos nanicos têm pela frente esta missão: em poucos minutos contar sua trajetória e seus projetos de campanha. Na última quarta-feira, a reportagem da Gazeta do Povo acompanhou a visita do candidato Robinson de Paula (PRTB) ao bairro Boqueirão, em Curitiba.

Com o vice, o também policial militar Celso Luiz Carazzai, Robinson percorreu o bairro. Havia poucas pessoas na Rua Maestro Carlos Frank e o candidato chegou a interfonar em conjunto residencial para chamar um morador. O candidato apresentou-se e falou sobre suas propostas. A conversa se repetiu várias vezes.

Em um salão de cabeleireiro, os candidatos ouviram uma negativa. "Não vai ser uma visita que vai me fazer mudar de voto", explicou o cabeleireiro Amauri Miranda, que pretende votar em um outro candidato. Já Arlindo Bergamasqui, dono de uma quitanda, colou um adesivo do PRTB atrás do balcão. "Gostei. É um candidato novo."

O apoio do comerciante Reinaldo Francisco Meyer será colocar um adesivo do PRTB dentro da sacola de cada cliente. "O pessoal é muito curioso. Vai dar uma olhada", afirmou o comerciante. (BMW)

Os dois engravatados chegam discretamente, sem bandeiras nem carro de som, à Rua Maestro Carlos Frank, no bairro Boqueirão, em Curitiba. Aos poucos, vão interfonando nos conjuntos residenciais e entrando nos comércios para pedir um minuto de atenção. Na quitanda falam sobre os problemas da saúde, no cabeleireiro sobre a nova candidatura, no bar sobre o problema da violência. É dessa forma que o policial militar Robinson de Paula (PRTB) enfrenta o desconhecimento da população e busca votos na tentativa de ser o novo governador do Paraná, acompanhado do vice Celso Luiz Carazzai.

Assim como Robinson, outros quatro candidatos ao governo do estado lutam para se tornar conhecidos – são os "nanicos" na disputa eleitoral. Amadeu Felipe (PCB), Avanilson (PSTU), Luiz Felipe Bergmann (PSol) e Paulo Salamuni (PV) atingiram juntos 2% da intenção de votos na primeira pesquisa Datafolha/ RPC ao governo do estado. No mesmo levantamento, o candidato Beto Richa (PSDB) apareceu com 43% e Osmar Dias (PDT), com 38%.

"Brincaram comigo que tem dois gigantes, um anão e quatro nanicos na disputa", conta o candidato Salamuni. O candidato do PV seria o "anão", ao aparecer em terceiro lugar no Datafolha, com 1% das intenções de voto. "Vou tentar fazer esse anão se agigantar", completa Salamuni. Brancos ou nulos somaram 3% e 14% dos entrevistados disseram estar indecisos.

Uma meta dos nanicos é levar a disputa ao segundo turno. Para reforçar a campanha e convencer a população de que poderá haver mudanças, Salamuni irá comparar a eleição à Copa do Mundo de futebol. "Quem imaginava que a Itália e a França iam sair na primeira fase?", questiona.

O candidato Avanilson diz acreditar que nenhum candidato irá chegar próximo a Richa e Osmar, mas que a votação no geral poderá levar a disputa para o segundo turno. O candidato do PSTU se coloca como uma opção para os trabalhadores contra o "interesse do capital". Ele foi advogado do Movimento dos Traba­­­lhadores Rurais Sem Terra (MST) e faz visitas a assentamentos no campo, um lugar em que dificilmente os grandes candidatos são vistos.

Estratégias

Sem muitos recursos à disposição, uma das apostas dos nanicos é o corpo a corpo. O candidato Amadeu Felipe investe em pequenos encontros com eleitores e amigos nas principais cidades do Paraná. "Um comício custa o que vou gastar em toda a campanha. Não sai por menos de R$ 200 mil, R$ 300 mil", diz. Luiz Felipe Bergmann chama isso de "comícios domésticos", que são reuniões que ele faz em casas de simpatizantes e militantes. Essas pessoas chamam amigos e conhecidos do quarteirão e mais gente participa. "Também estamos apostando no horário eleitoral", diz.

Bergmann, por exemplo, terá 56 segundos na televisão e aposta na criatividade de sua equipe. "Temos técnicas de comunicação que vão explorar ao máximo esse tempo. Temos convicção de que os nossos 56 segundos serão os mais assistidos." O tempo dos nanicos na televisão será pequeno comparado com o de Osmar e Richa. Eles terão quase 13 minutos dos 18 que serão destinados para o bloco da propaganda dos concorrentes ao governo.

Com a dificuldade de conseguir espaço no horário eleitoral na televisão, os candidatos voltam-se à internet, através da criação de sites, blogs e perfis em redes sociais. No Twitter, Bergmann tem 137 seguidores; Salamuni, 101; Avanilson, 77; Amadeu, 4; e Robinson, 2, conforme acesso no dia 29 de julho. Os números não se comparam aos milhares de seguidores dos principais candidatos, mas podem ser um começo.

Serviço:

A pesquisa Datafolha/ RPC fez 1225 entrevistas entre 20 e 23 de julho de 2010. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos. Registro no TSE 20158/2010

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