Analista admite troca de e-mail com escritório
São Paulo - O analista tributário Julio Cezar Bertoldo admitiu ontem, em depoimento à Polícia Federal, ter trocado um e-mail, do computador da servidora Adeildda dos Santos com o escritório Andradas Contábil, de Santo André. Ela é uma das envolvidas no caso de quebra de sigilos fiscais de tucanos e foi indiciada na semana passada.
A perícia da PF identificou a correspondência, enviada em 2007, a partir de um endereço de Bertoldo. "Julio criou esse e-mail e apenas o utilizou uma vez, porque o nome foi cadastrado errado, como Bertolo em vez de Bertoldo. Ele reconheceu o e-mail, quando viu o laudo, mas nega que tenha sido para favorecer qualquer contribuinte", afirmou Daniel Onézio, advogado do analista.No e-mail, um funcionário do escritório pede que o analista faça uma "pesquisa cadastral" de dois CNPJs e CPFs. Em resposta, Bertoldo diz "OK". Os e-mails reforçam a tese da Receita de que havia "indícios de um balcão de compra e venda de dados sigilosos" e que a quebra de sigilos não teve motivos político-eleitorais.
Folhapress
Brasília - Um dia depois de o presidente dos Correios, David José de Matos, anunciar a manutenção dos contratos da estatal com a empresa Master Top Airlines (MTA) pivô da crise que levou à demissão de Erenice Guerra da Casa Civil o ministro da Controladoria-Geral da União Jorge Hage disse ontem que um dos contratos foi feito sem licitação e pode ser suspenso.
O contrato analisado por auditores da CGU foi assinado em maio deste ano, no valor de R$ 19,6 milhões, para o transporte aéreo de cargas em seis trechos diferentes. Outros três contratos dos Correios com a MTA tratam do transporte de cargas entre São Paulo e as cidades de Recife, Salvador e Manaus. Ao todo, os negócios somam R$ 59,9 milhões. Parte deles só perderá a vigência em julho do ano que vem.
Ontem, após a demissão do coronel Eduardo Artur Silva da diretoria de operações dos Correios, David Matos anunciou que os contratos seriam mantidos porque haviam sido feitos por meio de pregão eletrônico informação contestada pela CGU.
Matos também foi indicado em julho pela ex-ministra da Casa Civil. O coronel, subordinado a ele, era ligado à MTA, que se preparava para se transformar em transportadora oficial de cargas da estatal. Irregularidades nos transportes de cargas foram detectadas em várias auditorias feitas nos Correios desde 2005, quando a empresa foi pivô do escândalo do mensalão, depois de um flagrante de pagamento de propina.
Outro foco de atenção da CGU é o plano de contingência da estatal preparado para 10 de novembro, quando terminam os contratos com os franqueados da estatal. Esse plano tem custo estimado em R$ 426 milhões.
"A ECT [Correios] tem sido foco de preocupação da CGU desde a crise de 2005. Um dos motivos que levaram a essa preocupação especial é inclusive o volume de recursos que a empresa movimenta", observou o ministro Jorge Hage. Os Correios têm orçamento de mais de R$ 12 bilhões por ano, R$ 7 bilhões destinados a compra de bens e serviços.
Balanço da CGU mostra que, desde o escândalo do mensalão, foram abertos 130 processos, dos quais 50 ainda não foram concluídos. Dirigentes da estatal, indicados por aliados do PMDB e do PTB, estão entre os 18 demitidos ou afastados dos cargos, como resultado de auditorias e duas operações da Polícia Federal.
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