Quatro candidatos a deputado federal e um concorrente a deputado estadual ultrapassaram a casa do R$ 1 milhão arrecadados para suas respectivas campanhas, de acordo com os números apresentados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na segunda prestação parcial de contas divulgada segunda-feira.
Na comparação com os números da primeira parcial, divulgada no dia 9 de agosto, Wilson Picler (PDT), Marcelo Almeida (PMDB), Luiz Carlos Hauly (PSDB) que buscam uma vaga na Câmara Federal e Ney Leprevost (PP) candidato a um mandato na Assembleia Legislativa se juntam a Odílio Balbinotti (PMDB), até então o único candidato com uma campanha milionária (veja quadro). Balbinotti tenta a reeleição a deputado federal.
A autodoação manteve-se como a forma de financiamento mais recorrente entre os candidatos paranaenses, principalmente entre os que buscam um novo mandato. Segundo os dados divulgados pelo TSE, o concorrente a deputado federal que mais arrecadou dinheiro para a campanha foi Wilson Picler. Empresário do ramo da educação, Picler já levantou cerca de R$ 2,4 milhões entre julho e agosto. "Eu não faço campanha com caixa 2. Manter uma estrutura de campanha no estado inteiro é caro. Quem quer ganhar precisa investir", garantiu. Dos valores arrecadados por Picler, apenas R$ 100 mil foram doados por outra pessoa jurídica, o restante saiu do bolso do candidato. "Eu financio a minha própria campanha por dois motivos: graças a Deus tenho condições de fazê-lo e não quero [se eleito] me compromissar com qualquer interesse que não sejam as minhas convicções", afirma o candidato. A diferença entre o total arrecadado e o que já foi gasto pelo pedetista até agora é de um pouco mais de R$ 3 mil. É provável que mais dinheiro precise ser levantado para os últimos 25 dias de disputa. "Até a véspera da eleição o que tiver que ser feito, farei. Vale a pena o privilégio de representar o Paraná", disse Picler.
Em segundo lugar ficou o também já deputado federal Marcelo Almeida, que fez uma autodoação de R$ 1,7 milhão para a própria candidatura. O valor representa apenas 0,2 % do patrimônio do candidato declarado ao TSE: R$ 689 milhões, que tornam Almeida o parlamentar mais rico do país. Entre os candidatos que ainda não são deputados e buscam pela primeira vez uma cadeira na Câmara Federal, a campanha mais cara até agora é do candidato Zeca Dirceu (PT). O ex-prefeito de Cruzeiro do Oeste, no Noroeste do estado, já arrecadou R$ 657 mil.
Um deputado federal recebe atualmente R$ 16.512,09 mensais, além do 13.° salário e de duas ajudas de custo anuais de mesmo valor pagas ao longo dos 12 meses.
O TSE não recebeu a prestação de contas de 117 candidatos a deputado federal, que podem ser multados.
Estaduais
O candidato a um novo mandato na Assembleia Legislativa do Paraná recordista em arrecadação é Ney Leprevost (PP), que busca a reeleição: R$ 1,140 milhão. O maior gasto é referente a publicidade por jornais e revistas (um total de R$ 169.744,00). Já o segundo colocado é Alexandre Curi (PMDB), com uma arrecadação de cerca de R$ 800 mil reais, sendo que R$ 400 mil provenientes de recursos próprios. Entre as prestações de contas dos candidatos ao cargo de deputado estadual, há valores curiosos. O candidato Eduardo Cheida (PMDB), por exemplo, teve uma arrecadação de R$ 10 mil, porém seus gastos até 28 de agosto foram apenas de R$ 100 reais. O candidato à reeleição Doutor Batista (PMN) obteve uma receita cerca de R$ 44 mil, no entanto, gastou mais do que arrecadou, cerca de R$ 47 mil. Os principais gastos apontados pelos candidatos federais e estaduais são publicidade de material impresso e gastos com combustíveis e deslocamentos. No total, 223 candidatos a deputado estadual não entregaram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a prestação de contas da segunda parcial.
De acordo com a legislação eleitoral, este é a última prestação parcial de contas que os comitês financeiros precisavam apresentar com os números de arrecadação e gastos das respectivas campanhas antes das eleições. Nestes balanços preliminares, no entanto, não estão indicados quem são os financiadores "externos" que fizeram doações aos candidatos. Pela lei, esses nomes só precisam ser divulgados no dia 2 de novembro, após as eleições, quando o TSE divulgará a prestação consolidada de todas as campanhas.
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