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São Paulo - A servidora da Receita Federal Ana Maria Rodrigues Caroto Cano disse ontem à Polícia Civil de São Paulo que recebeu ordens da Corregedoria do órgão para apagar vestígios de quebras de sigilo fiscal realizadas em seu computador, na agência do fisco em Mauá (SP). Ana Maria e o marido, o contador José Carlos Cano Larios, são suspeitos de tentar "esquentar" violações de sigilos de contribuintes. Os sigilos de cinco pessoas ligadas ao candidato do PSDB à Presidência, José Serra (inclusive da filha dele, Veronica Serra), foram violados no escritório da Receita em Mauá.

Ana Maria é uma das servidoras que tiveram acesso à senha da chefe da agência da Receita em Mauá, Antonia Aparecida Neves Silva, que permite acessar dados de contribuintes. A servidora é filiada ao PMDB de São Paulo desde setembro e 1981, segundo informou ontem o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo. Larios é sócio de dois escritórios de contabilidade que atuam em Mauá e disse que nunca pediu favores à esposa na Receita. O sócio dele, Ilson de Paula, admitiu recorrer a Ana Maria para agilizar processos de interesse de seu escritório, mas sempre dentro da lei.

Denúncia

A polícia chegou ao casal depois que uma pessoa chamada Edson Pedro dos Santos prestou queixa. Santos disse que foi procurado na segunda-feira por Larios. O objetivo era fazê-lo assinar uma declaração em que admitia ter solicitado à Receita que acessasse seus próprios dados. Segundo a polícia, foram encontrados no escritório de Larios 23 procurações de pessoas que tiveram o sigilo violado. Ele e a mulher estariam procurando os contribuintes para que eles assinassem agora a autorização.

Durante o depoimento, Ana Maria admitiu que pediu ao marido que procurasse as pessoas que tiveram seus dados violados a partir de sua máquina, mas ressaltou que o fez por ordem da Receita. De acordo com a corregedoria do fisco, no computador dela foram quebrados 31 sigilos. A servidora disse que os acessos foram feitos sem a utilização de sua senha.

"Procedimento administrativo foi gerado no âmbito da corregedoria da Receita, quando Ana Maria teria sido orientada pelo próprio órgão censor a identificar os contribuintes que tiveram os sigilos acessados ou devassados através de sua máquina e obter declarações assinadas obviamente por tais contribuintes no sentido de anuírem a tais acessos", informa o depoimento de Ana Maria.

Aservidora admitiu que ela e o marido cometeram o crime de forjar documentos. O casal prestou esclarecimentos na delegacia e foi liberado. A assessoria de imprensa da Receita em São Paulo preferiu não comentar o depoimento da servidora. O corregedor-geral do órgão, Antônio Carlos D’Ávila, não foi encotrado para comentar o assunto.

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