Se não foi suficiente para alterar a corrida presidencial, o caso da quebra pela Receita Federal do sigilo fiscal de Verônica Serra, filha do candidato tucano José Serra, provocou pelo menos dois efeitos positivos para a campanha da oposição: serviu para frear o crescimento da petista Dilma Rousseff nas pesquisas de intenção de voto e brecar a chamada "onda vermelha" nos estados.
Antes do escândalo, Dilma conseguiu disparar na preferência dos eleitores, chegando a abrir 24 pontos porcentuais de vantagem sobre Serra. Agora, com o assunto sendo o centro das atenções, o crescimento parou, como apontou o último Datafolha divulgado no sábado e a pesquisa Ibope, na sexta-feira. Na visão de aliados de Serra, pode servir para dar a freada de arrumação necessária para a campanha tentar obter votos que garantam a ida do tucano para o segundo turno contra Dilma Rousseff.
O segundo efeito foi conter o impacto da "onda vermelha" sobre as campanhas regionais. Com Dilma, governistas e o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisando dar explicações sobre o assunto, não puderam mais se concentrar apenas no apoio às candidaturas regionais estratégicas.
Do outro lado, Serra e até Marina Silva (PV), terceira colocada nas pesquisas, passaram a criticar duramente a Receita e cobraram providências em relação à quebra de sigilo, que incluiu ainda a violação dos dados de outras pessoas ligadas ao PSDB, como o vice-presidente do partido, Eduardo Jorge.
Aliados de Serra reconhecem que os desdobramentos das investigações podem também produzir mudanças no quadro eleitoral nacional. "Acho que é possível ainda haver uma virada", avalia o ex-prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), candidato ao governo do Paraná. "Na minha opinião, Serra acertou ao tratar do assunto no seu programa porque as violações que aconteceram são muito graves. Já infringiram diversas vezes os sigilos. É um absurdo o que foi feito e nada é feito da parte do governo."
Do lado do governo, não houve como desviar do assunto. Dilma, por exemplo, reclamou que a oposição apelava para o "tapetão", ao tentar associar sua candidatura às quebras de sigilo.
"Esse desespero da oposição está parecendo com aqueles times de futebol, aos 30 minutos do segundo tempo, que estão perdendo por 2 a 0, e começam a dar canelada, puxão de camisa, tomam cartão amarelo, cartão vermelho e não conseguem dar um chute a gol. Por isso, essa é a hora de manter a tranquilidade e a humildade", afirmou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que gravou vídeo, pedindo que os apoiadores de Dilma mantivessem a tranquilidade.
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