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Inércia no planejamento dura quase duas décadas

Para elaborar os projetos estratégicos de que o Paraná precisa, o próximo governador terá de romper com uma inércia que dura quase 16 anos. Os especialistas consultados pela reportagem avaliam que as duas últimas administrações falharam em projetar o estado para o futuro.

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  • Veja quais são os projetos de melhoria

O Paraná precisa de investimentos urgentes nas rodovias, nas ferrovias e no Porto de Paranaguá. Mas o grande desafio do próximo governador para melhorar a infraestrutura do estado é outro. É preciso planejar mais e elaborar projetos estratégicos a médio e longo prazo. Com um bom planejamento, fica mais fácil obter recursos – tanto dos cofres públicos quanto da iniciativa privada – e a execução da obra será mais rápida.

Essa é a opinião de especialistas em logística e da cadeia agroindustrial paranaense. Eles pedem solução para os gargalos da infraestrutura – o investimento mínimo necessário é de R$ 1,6 bilhão e o ideal beira os R$ 6 bilhões – mas querem que o próximo governador avance ainda mais. "O próximo governador tem de deixar plantadas as bases para termos um estado próspero daqui a 20, 30 anos", afirma o engenheiro agrônomo Álvaro Cabrini Júnior, presidente do Crea no Paraná.

Boa parte dessas sementes que precisam ser semeadas no Paraná está descrita no Plano Estadual de Logística e Transporte (Pelt) 2020, produzido pelo Crea junto com a Fiep, o Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) e o Sindicato da Construção Pesada (Sicepot). O estudo elenca 39 intervenções que precisam ser feitas no Paraná nos próximos anos para que a infraestrutura dê conta de atender a demanda dos setores industrial e agropecuário.

"Como a gente sente uma carência de planejamento, a sociedade civil organizada quis sinalizar que há formas de mudar esse quadro. Mas este é um guia inicial, que deve ser sempre atualizado. Não podemos mais ficar parados no tempo e discutir obras que foram planejadas há mais de 20 anos", afirma Paulo Ceschin, coordenador do Conselho Temático de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).

A principal proposta das quatro entidades que assinam o Pelt 2020 é a criação de um fundo de projetos. O poder público destinaria um valor para este fundo, que iria bancar a elaboração dos estudos. "É preciso ter um bom levantamento das necessidades econômicas, sociais e ambientais, atuais e futuras, para traçar uma diretriz. Uma vez definida exatamente a obra que deve ser feita, começa-se a decidir se serão usados recursos da União, do estado ou de uma parceria público-privada", explica Ceschin.

Cabrini diz que o ideal seria iniciar o fundo com recursos entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões. "Mas daqui alguns anos o ideal seria destinar R$ 1 bilhão para o fundo. Seria perfeito para o estado. Se o governador eleito conseguir elaborar projetos de longo prazo e começar a licitá-los, seria ótimo", afirma o presidente do Crea.

O professor de hidrologia Francisco Gomide, ex-presidente da Copel e ex-ministro de Minas e Energias, ressalta que o desenvolvimento da nação só será possível com o convívio pacífico dos capitais públicos e privados – muitas obras precisarão dessas duas fontes. "Mas ainda temos uma insegurança jurídica muito grande no Brasil", pondera. Para minimizar esse problema, ele sugere uma espécie de "pacto nupcial" entre toda a sociedade, principalmente para evitar que licenças ambientais de obras sejam canceladas ou suspensas.

"Os projetos precisam ser amplamente discutidos com a sociedade, mas, quando estiverem para ser concluídos, é preciso adotar um pacto: quem tiver alguma coisa para reclamar que fale no momento ou cale-se para sempre", diz Gomide. Segundo ele, toda obra causa impacto ambiental. "O que precisamos, então, é evoluir para projetos tão bem feitos do ponto de vista técnico e tão completos no que se refere à mitigação do impacto ambiental que o empresário não tenha mais medo de investir."

Fórum Futuro 10

Já faz alguns anos que a sociedade civil organizada apresenta caminhos para eliminar os entraves da infraestrutura do estado e para garantir o pleno desenvolvimento de todas as regiões paranaenses. Uma das propostas de maior vulto foi o Fórum Futuro 10 Paraná, realizado em 2005 pela RPC, Gazeta do Povo, UFPR e diversas entidades.

Essas mesmas entidades, por meio do Fórum Permanente Futuro 10 Paraná, continuam atrás de apoio e recursos para a execução de obras fundamentais para o estado. Em abril deste ano, o fórum entregou ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, uma lista de obras fundamentais para o desenvolvimento do estado no médio e longo prazo, cujos investimentos necessários giram em torno de R$ 6 bilhões. Na ocasião, o ministro acenou com a possibilidade de verbas federais, mas ressaltou que é preciso ter projetos.

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