Dilma critica controle da mídia e Serra fala em “desprivatizar”

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Brasília e Urberlândia (MG) - Os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) trataram de temas delicados para suas campanhas ontem. Diante das acusações de que o governo federal pretende controlar os meios de comunicação, Dilma disse ser contra qualquer controle de conteúdo na mídia. Já Serra, às voltas com insinuações de que um eventual governo tucano privatizaria setores importantes, afirmou em discurso que, se eleito, vai "desprivatizar" o Estado brasileiro. Para isso, atacou os adversários e disse que os órgãos estatais estão a serviço de grupos com "interesses privados" junto ao governo.

Questionada sobre a criação ou formulação de conselhos estaduais para acompanhar e fiscalizar a mídia, alguns deles em estados governados por aliados ao governo federal, como Ceará, Piauí, Bahia e Mato Grosso, Dilma disse ser contra qualquer controle externo. Para ela, a população deve avaliar a qualidade dos meios de comunicação. "O único controle da mídia que eu proponho é o controle remoto na mão do telespectador, que muda de canal quando se interessar. Não gostou do programa, muda de canal", afirmou a candidata em Brasília.

A presidenciável petista recorreu à história do Brasil e fez referências a seu passado pessoal, quando combateu a ditadura militar (1964-1985). "Podemos até ser uma democracia recente, mas somos um país que sabe do valor da democracia, porque também viveu sob a ditadura", disse. "Eu, em especial, sei o valor da liberdade de expressão. Sei que um país que abre mão disso perde a sua identidade, perde a sua capacidade política e perde inclusive uma das coisa fundamentais, que é a esperança dos seus jovens. Eu vivi esse processo, pode ter certeza de que eu sou contra qualquer processo de controle de conteúdo da mídia."

Dilma refutou também a hipótese de monitoramento de conteú­do. "Eu não concordo com isso. Repudio monitoramento de conteúdo editorial. Eu acho que isso não se pode criar no Brasil", afirmou a candidata, que fez no entanto uma ressalva em relação a questões mercadológicas. "Não acredito que tenha alguém que seja contra modelos que criem regulações para o setor. Exemplo: qual a participação do capital estrangeiro."

"Finalidades privadas"

Em Uberlândia (MG), José Serra recebeu o apoio de Alfredo Bran­­dão, presidente da Federação dos Bancários dos Estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Distrito Federal. Brandão discursara pela "desprivatização" do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. "O senhor não vai privatizar nada, porque tudo já foi privatizado. Precisamos desprivatizar", disse o bancário para Serra em seu discurso.

"É preciso hoje desprivatizar o Estado brasileiro, fazer com que os nossos órgãos governamentais sirvam ao nosso povo e não a grupos, a negociações, a interesses, como todos os dias a gente pode constatar", respondeu Serra em discurso. "Cada fim de semana um rol de escândalos que significa usar o governo, os seus órgãos, as suas empresas para finalidades privadas".

Após o evento, em entrevista, ao ser questionado sobre críticos afirmarem que boatos e mentiras durante a campanha atrapalharam e prejudicaram o debate eleitoral, o tucano atribuiu essas atitudes ao campo de sua adversária. "Tudo vem do outro lado. Eu sou um político ligado à verdade. O outro lado é de profissionais da mentira, mentem o tempo inteiro", afirmou Serra.