As regras
O debate terá duas horas de duração e será dividido em cinco blocos
No primeiro bloco, os quatro candidatos terão 2 minutos cada um para responder a uma pergunta elaborada pela produção do debate.
Depois disso, os candidatos farão perguntas uns aos outros e poderão escolher quem vai respondê-la. A resposta poderá ter até 2 minutos, com direito à réplica e tréplica de 1 minuto cada um. O segundo e o terceiro blocos terão o mesmo sistema.
No quarto bloco, jornalistas farão perguntas. Todos os candidatos terão oportunidade de responder, por 2 minutos, e comentar, por 1 minuto. Também haverá direito à réplica, de 1 minuto.
No quinto bloco os candidatos terão 2 minutos e meio para as considerações finais.
São Paulo - Os dois principais candidatos à Presidência, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), deverão adotar táticas diferentes no primeiro debate na televisão, nesta quinta-feira (5), às 22 horas, na Band TV. Em vantagem nas pesquisas de intenção de voto, a petista sabe que será o alvo preferencial dos adversários e deverá tocar no que considera os pontos fracos de Serra. Já o tucano procurará evitar os confrontos e se ater a propostas, tentando mostrar que é o mais preparado. Ontem, os dois principais concorrentes tentaram minimizar o efeito desse tipo de embate. Além deles, participarão Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSol).
Para mostrar os supostos pontos fracos de Serra no governo de São Paulo, Dilma deverá citar dados das áreas de educação e segurança pública. Na área da segurança, a petista deverá apresentar dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) para dizer que os homicídios em São Paulo viraram uma "epidemia". Já em relação à educação, Dilma baterá na tecla de que os professores paulistas não foram valorizados por Serra um exemplo seria a ordem do governo do estado para a polícia enfrentar docentes em greve.
Nos últimos dias a petista foi submetida a um treinamento intensivo, que priorizou a entonação da voz e respostas mais curtas. Ontem a candidata almoçou com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para repassar dados econômicos, e teve mais uma sessão de treinamento. Antes, em entrevista durante visita a uma unidade da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação, em Brasília, Dilma minimizou os riscos do debate. "Ao longo da vida eu asseguro que tive problemas muito mais graves do que um debate, pelo amor de Deus!" Ela disse que aproveita as entrevistas para treinar. "Vocês são muito duros", afirmou aos repórteres.
Sem estratégia
José Serra, que esteve ontem Poços de Caldas (MG), procurou demonstrar que será apenas mais um debate e disse que não tem estratégia definida. "É expor ideias, comparar e debater", comentou. "Debate não é uma coisa decisiva, nenhum debate é. É um ponto importante, mas um ponto na trajetória da informação para o público." Ele se esquivou de avaliar se os adversários estão ou não preparados. "Seria pretensioso de minha parte, acho que todos os candidatos estão preparados para um debate como esse", disse.
O tucano tem sido abastecido com calhamaços de documentos sobre a administração federal, sobretudo da gestão de Dilma no Ministério de Minas e Energia. Nos últimos dias, Serra tem se reunido em seu escritório com marqueteiros para discutir temas que deverão ser levantados pelos adversários, como as privatizações durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Ontem, o tucano voltou a criticar o governo federal por causa dos atrasos nos voos da companhia aérea Gol. "Aparentemente, não está havendo fiscalização. A situação é crítica, um verdadeiro apagão aéreo."
Marina Silva passou o dia de ontem se preparando para o debate e só interrompeu as reuniões para uma rápida entrevista no início da tarde. Já o candidato do PSol, com menos de 1% das intenções de voto, é o que tem menos a perder no encontro. Ele vai criticar abertamente a política econômica dos governos Lula e Fernando Henrique e tentar mostrar que as propostas de Marina Silva não diferem das dos outros dois candidatos. O candidato do PSTU, José Maria de Almeida, teve ontem seu pedido de participação no debate negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).