A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, mudou o tom de sua campanha. Deixou um pouco de lado a exaltação dos feitos do governo Lula para adotar uma postura mais combativa em relação ao adversário, José Serra (PSDB). O debate de domingo na Band TV marcou o início da "tática de guerra" da petista. Ontem, na propaganda eleitoral gratuita, Dilma deu sequência à estratégia, reprisando momentos do encontro em que atacou o tucano.
No rádio, Dilma acusou Serra de fazer com que o embate atingisse um nível de "muita sujeira". "Ele repete tanto uma mentira e bate tanto que parece que é verdade", disse. Também afirmou que o tucano costuma deixar os cargos "por ambição", em referência à saída antecipada da prefeitura de São Paulo, em 2006, para disputar o governo do estado; e neste ano, do Palácio dos Bandeirantes para concorrer à Presidência. Dilma disse ainda que o tucano costuma se apropriar de méritos alheios, como a criação dos genéricos e do seguro-desemprego.
A ex-ministra da Casa Civil seguiu a mesma retórica na tevê. Usou cinco minutos (metade do tempo disponível) relembrando seus momentos o debate da Band TV e tentando colar no concorrente assuntos polêmicos, ligados especialmente a privatizações, uma das marcas do governo Fernando Henrique Cardoso.
Para Dilma, o tucano tem a intenção de vender a Petrobras e o pré-sal. Em outro momento do programa, acusou o rival de ter estabelecido um "acordo" com o Fundo Monetário Internacional (FMI) na época em que era ministro do Planejamento do governo FHC.
Por fim, a petista atacou a esposa do adversário, Monica Serra. Afirmou que a ex-primeira dama de São Paulo teria dito que ela, Dilma, era "a favor da morte de criancinhas".
Serra, por sua vez, seguiu por outro viés na propaganda eleitoral. No rádio, optou por bater na adversária, mas nunca diretamente. Os marqueteiros da campanha do PSDB criaram uma personagem, chamado Vilma, um trocadilho com o nome da petista. Dois amigos conversam e analisam o comportamento da protagonista. "No começo tava [sic] tudo certinho. A gente gostava das mesmas coisas, tudo era legal. De repente a casa caiu, ficou tudo diferente, cada hora ela falava um troço", era a conversa, uma insinuação a respeito das mudanças de opinião de Dilma, como no caso do aborto (ela era a favor e, na campanha, disse ser contra).
Já na tevê, além de tentar atrair os eleitores de Marina Silva falando sobre consciência ecológica, Serra usou novamente do subterfúgio da terceira pessoa para provocar a candidata do PT. Uma atriz apareceu criticando o comportamento de Dilma, dizendo que a petista fez um "papelão" no primeiro turno.
A personagem ironiza a estratégia de pedir votos para o eleitorado feminino ao afirmar que para fazer "qualquer coisinha" Dilma chamava um homem o presidente Lula. O vídeo finaliza com outra ironia: "Se o seu governo arrumou alguma coisa, não fez mais que o dever. Pensa nisso e fica com Deus, tá?", reforçando o aspecto religioso que tomou conta do debate político.
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