A candidata do PT, Dilma Roussef, foi a preferida dos eleitores brasileiros que votaram na Argentina neste segundo turno. De um total de 2.363 votos, Dilma obteve 1.455 votos, enquanto o candidato José Serra (PSDB) recebeu 85 votos. Foram 43 votos em branco e 50 nulos. A candidata petista conquistou 64,09% dos votos válidos, e Serra ficou com 35,9%. O índice de abstenção atingiu 44,84% dos eleitores inscritos para votar na Argentina. No primeiro turno das eleições deste ano, em 3 de outubro, o índice de abstenção entre os brasileiros que moram na Argentina também foi elevado e chegou a 44,2%, com o comparecimento de 2.348 eleitores. O comparecimento às urnas nestas eleições foi maior que nas eleições presidenciais de 2006, quando o consulado brasileiro contava com menos inscritos: 2.400 eleitores, e somente 900 compareceram às urnas.
Devido ao horário de verão no Brasil, que atrasou o relógio em uma hora, a votação no país vizinho começou e terminou uma hora mais tarde que em Brasília. "O processo eleitoral transcorreu com absoluta normalidade", afirmou a cônsul brasileira em Buenos Aires, Gladys Ann Garry Facó.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, mais de 200 mil eleitores brasileiros vivem fora do Brasil. Destes, 4.284 estão inscritos na Argentina, o que coloca o país vizinho na posição de maior colégio eleitoral brasileiro fora do País na América Latina. Do total de inscritos, 3.877 brasileiros estão distribuídos nas dez sessões eleitorais em Buenos Aires, 292 em Córdoba e 115 em Mendoza.
No primeiro turno das eleições presidenciais deste ano, a candidata do PT, Dilma Rousseff, captou 58,4% (1.348) dos votos válidos na Argentina, enquanto o tucano José Serra conquistou 25 6% (590). Marina Silva teve 14,2% dos votos válidos (327). Houve um total de 39 votos em brancos e 37 nulos.
A Argentina acompanha passo a passo o processo eleitoral do Brasil. Como principal sócio no Mercosul, o rumo político e econômico do Brasil figura na lista de preocupações do vizinho. Tanto que os jornais locais têm publicado várias entrevistas com analistas brasileiros e argentinos sobre qual "o melhor candidato brasileiro para a Argentina". O diário Perfil, por exemplo, publicou entrevista neste domingo com o sociólogo Hélio Jaguaribe, na qual ele opina que o melhor candidato para a Argentina é Serra. O tucano, segundo ele, "tem uma maior formação, competência e a vantagem de ter demonstrado sua experiência em São Paulo. Seria o interlocutor indicado com Buenos Aires", disse Jaguaribe ao Perfil. Na mesma reportagem, o presidente da Câmara Argentino-Brasileira em Buenos Aires, Jorge Rodríguez Aparício, diverge do sociólogo. "Apesar de ter integrado o governo de Fernando Henrique Cardoso, defensor do Mercosul, eu não estaria muito seguro de que Serra seria uma boa opção para a relação com a Argentina", disse Aparício.
O temor dele está relacionado à cautela de Serra, durante a campanha, em definir a relação com a Argentina como "estratégica". O candidato do PSDB disse, em alguns discursos, que aprofundaria a relação bilateral, mas manifestou-se claramente contra o Mercosul, classificando o bloco como "uma farsa", e afirmando que o Brasil tem necessidade de recuperar a liberdade de negociar acordos comerciais individualmente com outros países. Por outro lado, Aparício defendeu que em um eventual governo de Dilma, apesar de a candidata não ser conhecida para os argentinos, ela "compartilha da visão de Lula, que colocou todo esforço na aliança entre Brasil e Argentina".
Para o professor de Ciências Sociais da Universidade de San Andrés, Juan Gabriel Tokatlian, no novo governo brasileiro, independentemente de quem seja vencedor, "o risco é que a Argentina se torne irrelevante para o Brasil". Segundo ele, "a Argentina vai ter que fazer um esforço para avançar em campos específicos, como o nuclear, onde tem importância para sentar-se à mesa com o Brasil".
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