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Raul Plasmann (a esq.) estreia em cargo eletivo e disputa uma vaga para deputado federal, aos 65 anos e Aos 81 anos, Affonso Camargo tenta o quarto mandato como deputado federal | Dirceu Portugal e Priscila Forone/Gazeta do Povo
Raul Plasmann (a esq.) estreia em cargo eletivo e disputa uma vaga para deputado federal, aos 65 anos e Aos 81 anos, Affonso Camargo tenta o quarto mandato como deputado federal| Foto: Dirceu Portugal e Priscila Forone/Gazeta do Povo

Ícones da vida pública

A carreira política relevante e de grande influência torna certos nomes referência para a história política do país. Algumas dessas personalidades obtiveram as maiores vitórias já próximos dos 60 anos. Veja alguns exemplos.

Brizola contra o golpe militar

Lançado na vida pública por Getúlio Vargas, foi o único político eleito para governar dois estados diferentes, o Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Batizado como Itagiba de Moura Brizola, adotou o nome de um líder maragato da Revolução de 1923, Leonel Rocha. Ocupou os cargos de prefeito, deputado estadual e federal e governador. Sua influência política e a fama pelo radicalismo das propostas se estenderam por 50 anos, inclusive durante o exílio no Uruguai, logo após o golpe de 1964, contra o qual foi um dos líderes da resistência. Depois de passar pelos Estados Unidos e Portugal, voltou ao Brasil em 1979, com a anistia aos perseguidos políticos. A principal realização de Brizola foi a multiplicação das escolas no Rio Grande do Sul, criando uma rede de ensino primário e médio que atingiu os municípios mais distantes do estado. Apoiou o movimento Diretas Já e foi contra o Plano Cruzado. Candidatou-se duas vezes à presidência da República pelo PDT, partido que fundou em 1980. Morreu aos 82 anos, por problemas cardíacos.

FHC e o Plano Real

O sociólogo e cientista político Fernando Henrique Cardoso é uma das figuras públicas de maior influência sobre a vida econômica e a política de estabilidade brasileira atual. Eleito presidente da República aos 63 anos, teve como principal plataforma o Plano Real, do qual foi idealizador enquanto ministro da Fazenda no governo Itamar Franco. Foi exilado durante o regime militar e se refugiou no Chile e na França. Nos anos 70 se aproximou do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). A partir de 1983, FHC integrou as articulações em prol da transição do regime militar para a democracia e desenvolveu um importante papel no movimento Diretas Já. No primeiro mandato como presidente da república, conseguiu a aprovação da emenda constitucional que criou a reeleição para os cargos eletivos do Executivo, e foi o primeiro presidente brasileiro a ser reeleito. A privatização das empresas estatais também marcou seu governo.

O homem das Diretas Já

Um dos políticos brasileiros mais marcantes da história nacional, Ulysses Guimarães (PMDB) se destacou fazendo oposição à ditadura militar e liderando a campanha pela redemocratização do Brasil, as Diretas Já. A vida política começou ainda na juventude quando entrou para o Centro Acadêmico XI de Agosto e em seguida se elegeu vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Em 1947, foi eleito deputado estadual e nunca mais deixou a vida pública. Onze vezes deputado federal, exerceu o cargo ininterruptamente de 1951 a 1995. Em 1973, lançou sua anticandidatura simbólica à presidência da República como forma de repúdio ao regime militar. Teve papel de destaque ao presidir a Assembleia Constituinte de 1988. Candidato a presidente em 1989, com 73 anos, morreu três anos mais tarde, quando o helicóptero em que viajava caiu próximo a Angra dos Reis (RJ).

  • Veja: candidatos com mais de 60 anos correspondem a 13% dos registros no TSE

As eleições para presidente, governador, senador e para deputados federal e estadual contam este ano com 2.904 candidatos com mais de 60 anos, o que representa cerca de 13% do total de inscritos junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No Paraná, a média se assemelha à nacional e os idosos somam 134 das 1.017 candidaturas registradas. A quantidade de candidatos idosos cresceu em relação às últimas eleições gerais, de 2006. Na faixa etária dos 70 a 79 anos, por exemplo, o aumento foi de 30%. Ainda longe de se aposentarem, eles ocupam diversas funções, como a de corretor, médico, advogado, empresário, vendedor e de comerciante. A experiência de vida e a maturidade são apontadas pelos próprios candidatos como vantagens competitivas em relação aos adversários mais jovens. Segundo eles, a idade lhes confere maior capacidade de colaborar para os rumos que o país deve tomar politicamente. No Brasil, o eleitor que completa 70 anos pode optar pelo voto facultativo. A idade avançada, porém, não é o impede de se candidatar a qualquer cargo eletivo (veja quadro).

Mas quem imagina que boas ideias combinadas à experiência de vida são suficientes para garantir a eleição, se engana. De acordo com o cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná Ricardo de Oliveira, o eleitor prefere aquele que tem uma certa experiência política, seja própria ou de família.

Atraídos pelas vantagens econômicas, pelo status e pelo prestígio que um cargo político oferece, muitos dos candidatos tardios acreditam que poderão colaborar com o país, ocupando uma vaga no Legis­lativo ou no Executivo, mas não se dão conta de que apenas boa vontade não basta. "A população de idosos está crescendo. Vivendo mais e melhor, eles encontram na política uma nova ocupação. Mas, sem tradição na vida pública ou no meio empresarial, encontram espaço apenas em partidos pequenos para compor chapa, o que garante pouca chance de ser eleito", avalia Oliveira.

A idade também não é argumento para convencer o eleitor. "A política é para profissionais, não há espaço para a ingenuidade. Mais do que boas propostas, é preciso ter o chamado capital político, ou seja, uma rede muito bem articulada, tradição e dinheiro. Idoso não vota em idoso, assim como mulher não vota em mulher", explica.

Candidatos

No Paraná, a vereadora e candidata a deputada estadual Dona Lourdes (PSB), de 82 anos, é a mais idosa. Entre os veteranos políticos, o deputado Affonso Camargo (PSDB) está entre os mais experientes. Aos 81 anos, tenta a reeleição na Câmara Federal pela quarta vez – são 32 anos de Congresso Nacional. Neto e sobrinho de ex-governadores, já foi vice-governador e senador por dois mandatos. "Política é missão, não é profissão. Continuarei na vida pública até que a juíza urna me permita."

Eventuais problemas de saúde causados pelo envelhecimento não preocupam o deputado. De acordo com ele, a longevidade também é uma qualidade que herdou da família. "Minha mãe completa 103 anos em 2010. Tenho uma tia com 110 anos. Se seguir na mesma linha, tenho mais 20 anos para atuar na política", projetou. Sentin­­do-se muito bem dispos­­to, diz que tem so­­frido apenas os efeitos do estresse, motivo pelo qual se licenciou algumas vezes para se tratar. Neste ano, o deputado faltou a 83 das 95 sessões realizadas em Brasília – 71 delas foram justificadas, segundo o site da Câma­ra Federal.

Entre os novatos na disputa eleitoral está o ex-jogador de futebol Raul Plassmann, 65 anos. Candidato a deputado federal pelo PSC, diz ter decidido investir na carreira pública incentivado pelas atuais mudanças na política brasileira. "A lei da Ficha Limpa e a política mais transparente me fizeram pensar que também posso contribuir com o país nesse momento ímpar pelo qual está passando. Minhas propostas seguem nesse mesmo caminho", justifica.

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