Especialistas pregam cautela
Cientistas políticos ouvidos pela Gazeta do Povo pregam a cautela em relação à oscilação negativa de Dilma Rousseff nas pesquisas e a possível disputa de um segundo turno. De acordo com Emerson Cervi, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a queda da candidata petista já era esperada, mesmo se não ocorressem os escândalos que resultaram na demissão da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, uma das assessoras mais próximas a Dilma Erenice é acusada de tráfico de influência para beneficiar parentes.
PT deve eleger maior bancada da Câmara
A preferência pela continuidade indicada nas pesquisas de intenção de voto nas eleições majoritárias deve se refletir na composição da nova Câmara dos Deputados, aponta levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar do Congresso (Diap).
O crescimento de Marina Silva (PV) pode forçar a realização de um segundo turno na disputa presidencial, é o que aponta a pesquisa divulgada ontem pelo Datafolha. De acordo com o levantamento, a candidata do PT, Dilma Rousseff, caiu três pontos e agora soma 46% das intenções de voto. José Serra, do PSDB, segue na vice-liderança, com 28%, mesmo índice da pesquisa anterior. Já Marina Silva oscilou positivamente, passando de 13% para 14%.
Levando-se em consideração apenas os votos válidos (excluindo brancos e nulos), Dilma passou de 54% para 51%, porcentual que ainda lhe daria vitória no primeiro turno. Porém, como a margem de erro é de 2 pontos porcentuais, a petista oscilaria de 49%, o que levaria a um segundo turno, a 53%. Serra aparece com 32%. Já Marina tem 16%.
Em visita a Belém, a candidata do PV disse estar "inteiramente confiante" de que irá disputar o segundo turno da eleição. "Eu acredito na confiança dos cidadãos e cidadãs e na capacidade de cada um de querer um Brasil melhor", afirmou. Para ela, os últimos números representam um sentimento da população que precisa ser aumentado com "ampla mobilização" dos simpatizantes, seja nas ruas ou pela internet, para conquistar novos eleitores. "Tentaram me ignorar, mas agora não dá mais", disse ela, que credita sua evolução ao fato de sempre ter procurado "debater propostas" de governo, evitando o que classificou de "vale-tudo eleitoral". Indagada se os escândalos que envolveram denúncias de quebra de sigilo fiscal na Receita Federal e cobrança de propina na Casa Civil do governo Lula teriam contribuído para que ela subisse nas pesquisas, Marina preferiu sair pela tangente: "Eu preferia que esses escândalos não tivessem acontecido, porque não ajudam o país".
Dilma, por sua vez, preferiu minimizar a oscilação negativa. "Nós estamos num momento da eleição em que é normal que haja subidas e descidas. Você não pode achar que já ganhou. O primeiro turno é dia 3 [domingo]. Para saber o que vai acontecer, qualquer um de nós vai ter que esperar a urna, respeitar o eleitor, contar o votos", comentou, negando-se a responder quem preferiria enfrentar em um eventual segundo turno. "Só se fosse completamente louca respondo a uma pergunta dessa", afirmou.
A petista aproveitou ainda para convocar a militância do partido para ir às ruas, garantindo o triunfo já no domingo. "Queria fazer um apelo para minha militância não esmorecer, ir para a rua, disputar voto a voto", disse. Mesma estratégia adotada pelo presidente do PT, José Eduardo Dutra, em carta divulgada no site da legenda. "Vamos vencê-los no voto, mais uma vez. Vamos dar a eles mais uma lição de democracia".
Já o tucano José Serra disse ontem em Salvador, onde recebeu o título de cidadão soteropolitano, dado pela Câmara Municipal, que "nunca esteve confiante" em sua participação no segundo turno. "Acho que vai haver segundo turno, mas não me guio por pesquisas", avisou. "Nessa época, em 2002, ninguém achava que eu ia para o segundo turno, depois, achavam que eu ia ter 30% [dos votos] e eu tive quase 40%", acrescentou.
Por regiões
A candidatura de Marina cresceu em todas as regiões do país, segundo o Datafolha. A maior evolução, de nove pontos, aconteceu no Norte/Centro-Oeste, onde a candidata do PV passou de 8% para 17%. Cresceu seis pontos no Sudeste (de 11% para 17%), cinco no Nordeste (de 6% para 11%) e três na Região Sul (de 7% para 10%).
Já em relação a Dilma aconteceu o inverso. A petista perdeu pontos no Nordeste (de 60% para 59%), no Sudeste (de 44% para 41%), no Sul (de 43% para 39%) e no Norte/Centro-Oeste (de 50% para 44%).
Segundo turno
Na simulação de segundo turno entre Dilma e Serra, a petista venceria com 52% e Serra chegaria a 39% da preferência do eleitorado. No levantamento anterior, a petista tinha 55%, e o tucano, 38%.
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