O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, afirmou nesta segunda-feira (13) que a candidata petista Dilma Rousseff "não colocou a mão no fogo" pela ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, "mas ao mesmo tempo botou tudo" ao dizer que as denúncias contra a integrante do governo tinham motivação eleitoral.

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Erenice teve o nome em destaque em reportagem publicada pela revista "Veja" neste fim de semana. A revista afirma que o filho de Erenice cobrou propina de um empresário. Em debate televisivo no domingo, Dilma foi questionada sobre o caso.

"Ela não pôs a mão no fogo [por Erenice], mas ao mesmo tempo botou tudo dizendo que era um jogo eleitoral. Ela disse xis e menos um sobre xis na mesma fala. Ela não botou a mão no fogo, por um lado, e por outro disse que era uma jogada eleitoral. Ou seja, atacou aqueles que denunciaram. Quem denunciou, passa a ser culpado", afirmou Serra, em entrevista depois de participar da sabatina promovida pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília.

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Durante o debate transmitido pela "RedeTV" na noite deste domingo, Dilma foi questionada se colocaria a mão no fogo por Erenice, ex-assessora que a sucedeu no comando da pasta na Casa Civil. Dilma defendeu a apuração de todos os fatos pelo governo e disse que não poderia ser responsabilizada pelo que supostamente teria feito o filho de uma ex-assessora dela.

"Tenho a melhor e a maior impressão sobre a ministra [Erenice]", respondeu Dilma. "É uma acusação contra o filho da ministra. O governo deve avaliar se houve e punir os responsáveis. Com relação à ministra, foi feito uma acusação, ela foi desmentida e não foi feito absolutamente nada", complementou a petista.

Hilariante

Sobre o caso da violação dos sigilos fiscais de integrantes do PSDB e da sua própria família, Serra classificou de "hilariante" o argumento de Dilma de que o fato, ocorrido em 2009, não teria motivação eleitoral porque ocorreu em um período em que sequer ela era candidata e não havia pré-campanha nem campanha.

"É muito importante saber que [o caso] está ligado a uma questão político eleitoral e realmente a ideia de que ela não era candidata é hilariante. A Dilma, desde meados de 2008, começou a campanha ao lado do presidente da República, inclusive quem tocava a Casa Civil na prática era precisamente a atual ministra da Casa Civil. Isso até as paredes da Esplanada sabem disso.

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Serra também fez uma análise do debate e voltou a alfinetar Dilma ao afirmar que a petista teria incômodo em discutir questões polêmicas como a quebra de sigilos fiscais de integrantes do PSDB e de seus familiares.

"Todo debate é bom. Todo debate permite que as pessoas observem e se sintam mais informadas sobre os diferentes candidatos. Especialmente sobre uma candidata que se oculta com tanta frequência, porque provavelmente essas discussões sobre estado de direito e sigilo incomodam", disse Serra

Sabatina da OAB

Durante cerca de duas horas de sabatina no Conselho Federal da OAB, Serra foi questionado a respeito das propostas para realizar a reforma política no país. Respondendo a questões divididas por cada uma das cinco regiões do Brasil, Serra se comprometeu a iniciar o processo de construção da reforma já no primeiro mês de governo. Ele defendeu a implantação do voto distrital misto ou o voto partidário em lista.

Serra também defendeu a padronização da propaganda eleitoral na televisão e no rádio, como forma de evitar que os candidatos "sejam vendidos de forma maquiada, como iogurte", e ainda pregou, sem explicar como, uma ampliação de exigências de debates entre os candidatos.

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Questionado sobre o motivo pelo qual a reforma, apesar de se defendida por boa parte da sociedade, ainda não foi realizada, Serra afirmou que a classe política defende a proposta por ser "um discurso que é sempre bem-vindo" nas campanhas.

O tucano voltou se manifestar simpático a medidas como o fim da reeleição, do voto obrigatório e das coligações proporcionais, apesar de dizer que isso não será uma bandeira do seu eventual governo.

Segundo a OAB, os candidatos Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) e Marina Silva (PV) também irão participar da sabatina nesta terça-feira (14), às 10h e às 11h da manhã, respectivamente. "A candidata Dilma Roussef (PT) foi convidada, já havia confirmado presença, mas voltou atrás", disse a OAB.