A escolha dos próximos governadores deve ser rápida e plebiscitária. No quadro apresentado pelas pesquisas Ibope e Datafolha, publicada na última semana, em 18 estados, além do Distrito Federal, os novos governantes devem ser conhecidos neste domingo. Destes, onze concorrem à reeleição. Esse resultado significa um aumento do número de estados que não terão segundo turno, se comparado com as últimas eleições estaduais, em 2006, quando 17 governadores foram eleitos na primeira etapa das eleições.Das disputas, duas chamam a atenção pela intenção de votos: em Pernambuco, onde o governador Eduardo Campos (PSB) concentra 78% dos votos válidos e no Rio de Janeiro, onde o governador Sérgio Cabral (PMDB) tem 67% dos votos válidos, segundo as projeções das pesquisas divulgadas até este sábado.
Há 28 anos, o Rio de Janeiro não tinha uma campanha eleitoral para governador com tão baixa competitividade. Cabral manteve, na maior parte do tempo, mais de 40 pontos percentuais de vantagem sobre seu principal adversário, Fernando Gabeira, do PV. Um outro pelotão de quatro candidatos vem mais abaixo, com índices que variam de 1% a 6%. Estas eleições para o governo fluminense devem superar os resultados de 1990, quando Leonel Brizola (PDT) obteve 61% dos votos válidos, contra 17,8% de Jorge Bittar, do PT. Diferença de 43 pontos percentuais.
A habilidade política de Cabral, que conta com 16 partidos em sua aliança e o apoio de 91 dos 92 prefeitos do estado, explica parte do seu desempenho até aqui. Os erros dos adversários na fase da pré-campanha também. Gabeira enfrentou impasses na sua coligação, que conta com DEM, PPS e PSDB. As principais lideranças dos partidos não se entendiam sobre os candidatos ao Senado da coligação, o que levou desgaste à candidatura de Gabeira.
Nesta campanha, Cabral teve direito até mesmo a uma parada estratégica para fazer uma cirurgia no joelho. O vice-governador e candidato na chapa, Luiz Fernando Pezão, assumiu a coordenação e percorreu os 92 municípios para mobilizar os eleitores.
Em Pernambuco, o governador Eduardo Campos (PSB) deve se reeleger com folga e retornar ao Palácio do Campo das Princesas. Além da máquina do governo e da administração bem avaliada, ele costurou uma coligação de 15 partidos, compôs as chapas para o Senado reunindo lideranças antagônicas e amealhou apoio de 161 dos 184 prefeitos. Entre estes, não faltaram representantes das oposições. "O apoio de Lula é muito importante para Eduardo no estado, mas não é só isso que pesa no resultado da eleição", disse o cientista político Túlio Velho Barreto, pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco. "E pelo que mostram os números, a vitória em relação a Vasconcelos será maior do que a que Dilma Rousseff terá sobre José Serra no estado. Indica que o governador tem brilho próprio, e o habilita a voos mais altos."
Para Barreto, além do apoio de Lula, Campos tem a seu favor a satisfação da população com sua administração. Tem uma grande base de apoio, é presidente nacional de um partido e governa um estado que, proporcionalmente, cresce mais do que o Nordeste que, por sua vez, cresce mais do que o Brasil.
Uma mudança durante esta semana foi registrada no Rio Grande do Sul. Até terça-feira, o petista Tarso Genro tinha 54% dos votos válidos. Porém, a última pesquisa Datafolha, divulgada na quinta-feira, aponta para a realização de segundo turno. A governadora Yeda Crusius (RS), no entanto, desgastada por denúncias de irregularidades no seu governo, como contratos de publicidade do Banrisul, está em terceiro nas pesquisas e não deve entrar na disputa de segunda etapa.
No Paraná, apenas uma série de fatores quase improváveis pode levar a eleição para o segundo turno. Beto Richa (PSDB) e Osmar Dias (PDT) disputam quase todos os votos válidos desde o início da campanha, de acordo com as sondagens de intenção de voto. Para que esse quadro mude, o número de votos de todos os outros candidatos, que até a pesquisa divulgada em 17 de setembro (Datafolha) não pontuavam, deve ser maior do que a diferença de votos entre os dois.