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Erenice Guerra chega à PF para depor | ED Ferreira / Agência Estado
Erenice Guerra chega à PF para depor| Foto: ED Ferreira / Agência Estado

Brasília - A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra confirmou ontem à Polícia Federal que se encontrou duas vezes com o lobista Fábio Baracat, representante da empresa Master Top Linhas Aéreas (MTA). Ela também recuou na versão que vinha sustentando há mais de um mês e revelou que se reuniu com o consultor Rubnei Quícoli, representante da empresa EDRB, que negociava um contrato bilionário com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a construção de um projeto de energia solar no Nordeste. Erenice, no entanto, negou que tenha tomado qualquer decisão para beneficiar as duas empresas.

A PF investiga a possibilidade de a Capital, empresa dos filhos de Erenice Guerra, ter intermediado a renovação da concessão da MTA na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que possibitou à empresa firmar um contrato com os Correios. Segundo Baracat, Israel Guerra, um dos filhos da ex-ministra, negociou pagamentos mensais de R$ 25 mil e uma taxa de sucesso de R$ 5 milhões para a MTA ampliar seus negócios com os Correios. Erenice garantiu que teve apenas "conversas informais" com Baracat. Ela teria participado dos encontros a convite de Israel.

O filho da ex-ministra também é acusado de cobrar 5% da EDRB para conseguir um financiamento de R$ 9 bilhões no BNDES. A empresa teria de pagar à Capital cinco parcelas de R$ 40 mil mensais, mais uma comissão de R$ 5 milhões e uma taxa de sucesso, que poderia chegar a 5% do valor do empreendimento.

Erenice disse que participou apenas da primeira parte da reunião com os representantes da EDRB, segundo ela para tratar de "assuntos técnicos do projeto", que lhe pareceu importante para o país. Mas alegou desconhecer qualquer negociação com o BNDES intermediada por sua pasta. A informação da ex-ministra contradiz nota oficial emitida pela Casa Civil há um mês, segundo a qual a reunião a que Quícoli se referiu foi feita pelo assessor Vinícius Castro e que a ministra não participara dela.

A ex-ministra Erenice classificou como "absurda" a denúncia de que a Casa Civil interferiu na decisão do Ministério da Saúde na compra de Tamiflu, remédio para o combate à gripe H1N1. O depoimento durou cerca de quatro horas e a ex-ministra não foi indiciada.

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As denúncias

Filho de Erenice Guerra teria cobrado propina para intermediar negócios do governo com empresas.

Segundo reportagem da revista Veja, Erenice Guerra, ministra-chefe da Casa Civil, atuou para viabilizar negócios nos Correios intermediados pela Capital, empresa de consultoria de propriedade de seu filho Israel Guerra.

De acordo com a reportagem, Erenice se encontrou quatro vezes, fora da agenda oficial, com o empresário Fábio Baracat, ex-sócio da MTA Linhas Aéreas, que atua com transporte de correspondências.

Os contratos eram no valor de R$ 84 milhões. Desse total, R$ 5 milhões teriam ido para a empresa dos filhos de Erenice.

Matéria do jornal O Estado de São Paulo informou que a Capital também autou para intermediar um empréstimo da empresa EDRB, no valor de R$ 9 bilhões, junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para a construção de um projeto de energia solar no Nordeste.

De acordo com a denúncia, a EDRB teria sido informada das condições impostas pela Capital para que o financiamento saísse: incluíam seis pagamentos de R$ 40 mil e comissão de 5% sobre o valor do empréstimo. Haveria também um repasse de R$ 5 milhões.

Erenice negou as acusações, mas pediu demissão do cargo.

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