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São Paulo - O coronel Eduardo Artur Ro­­drigues Silva afirmou na sua carta de demissão do cargo de diretor de operações dos Correios que está saindo por "iniciativa própria". "Não sinto mais o prazer do trabalho e do desafio que a função exige, e não vou contaminar os excelentes profissionais com que convivi nestes 48 dias com o meu desencanto", afirmou Silva.

O coronel teria ligações com a empresa Master Top Linhas Aéreas (MTA), pivô da crise que derrubou a ex-ministra Erenice Guerra, e estaria atuando para transformar a MTA na empresa de carga aérea oficial dos Correios após as eleições. Ele seria ainda o testa de ferro do empresário argentino Alfonso Rey, dono da MTA.

Silva presidiu a empresa até assumir a diretoria da estatal. A carta foi apresentada ao presidente dos Correios, David José de Mattos.

"Aos 61 anos de idade esta seria a coroação e o encerramento da minha carreira profissional, honrado que fui pela indicação para a função por um senador da República, sabedor da minha capacidade técnica para exercê-la", disse o coronel.

O ex-diretor também criticou a imprensa na carta. "Minha atuação, bem como de minha filha, no mercado de consultoria aeronáutica, sempre foram de domínio público e, insinuações de propriedade ou controle de empresas do setor aéreo, são facilmente desmentidas." A crise na Casa Civil começou com uma negociação envolvendo a MTA e os Correios. Os planos envolviam a compra da empresa aérea pela estatal.

Isso seria possível com a edição de uma medida provisória que transformaria os Correios em uma sociedade anônima, abrindo a possibilidade à empresa pública de ter participação acionária em outras companhias ou criar a sua própria transportadora aérea de cargas.

Vinte dias depois da posse de Eduardo Rodrigues Silva, a MTA arrematou o contrato de uma das principais linhas dos Correios, a que opera o trecho Manaus-Brasília-São Paulo, com um lance de R$ 44,9 milhões.

A entrada do ex-presidente da MTA na diretoria dos Correios fez ressuscitar os planos então enterrados de aquisição, pela estatal, de uma empresa aérea – no caso a própria MTA.

Justificativa

Questionado sobre a justificativa dada na carta de demissão, o presidente da estatal afirmou que o ex-diretor disse que tinha expectativa de ajudar os Correios com sua experiência no mercado de aviação, mas que essa expectativa havia sido frustrada, razão pela qual ele solicitou o desligamento da empresa.

Indagado sobre os contratos com a MTA, Matos explicou que são quatro contratos com validade de um ano, no valor de cerca de R$ 60 milhões, que serão mantidos. "A empresa ganhou a licitação. Não tem porque romper os contratos. A empresa está funcionando regularmente", disse.

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