Brasília - A oposição ao governo Lula vai tentar ouvir Gerardo Xavier Santiago, ex-gerente executivo da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, na Comissão e Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, para que ele explique as acusações de que o fundo atuou como "fábrica de dossiês" contra adversários do PT. A denúncia foi publicada na revista Veja desta semana.
Mesmo com o Congresso em "recesso branco", a oposição quer ouvir Santiago no início de setembro, quando o Senado realiza uma semana de trabalhos antes das eleições. Em entrevista à Veja o ex-gerente diz que o fundo é "um bunker" de petistas e "está a serviço de um determinado grupo muito poderoso, comandado por Ricardo Berzoini [ex-presidente do PT], Sérgio Rosa [à frente do fundo até este ano], Luiz Gushiken [ex-ministro de Lula] e João Vaccari Neto [tesoureiro do PT]". O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) prometeu apresentar nos próximos dias à CCJ convite para que Santiago preste depoimento à comissão.
Ontem, Santiago disse apostar na continuidade do esquema de espionagem. "Depois que se toma gosto, que se aprende a fazer, ninguém mais está seguro", sentencia. Ele disse ter feito pelo menos quatro dossiês. Sobre os motivos que o levaram a revelar o esquema, Santiago diz que começou a ficar "inquieto" em 2005, durante a CPI dos Correios, ao perceber que "estava me tornando um funcionário de um determinado grupo político". Procurados, Sérgio Rosa e a Previ não se manifestaram sobre o tema.
Repercussão
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, voltou ontem a colocar-se como vítima de suposta espionagem feita pelo PT. "O que não falta em cima de mim é dossiê fajuto", afirmou. O tucano classificou o cenário apresentado por Santiago como "mais uma baixaria" e citou o caso do "dossiê dos aloprados", de 2006.
O deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA) pretende interpelar judicialmente Santiago para que ele revele o teor dos dossiês. O parlamentar também vai ingressar na Justiça Federal contra Sérgio Rosa e promete pedir hoje à Polícia Federal a abertura de investigações. O DEM promete ingressar com representação no Conselho de Ética do Senado contra a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) por quebra de decoro parlamentar. Segundo a Veja, a senadora usou informações de um dossiê para atacar ACM Neto durante a CPI dos Correios. Ela não comentou o assunto.