"O que importa é que minha filha nasceu bem"
A filha da auxiliar-administrativa Francielli Andrea Gonzalez, de 29 anos, nasceu em julho de 1998, época de um limbo entre os programas de combate à mortalidade infantil de Rafael Greca, que deixou a prefeitura em 1996, e de Luciano Ducci, que lançou o "Mãe Curitibana" em 1999. O depoimento dela reforça a confusão de origem entre as duas propostas.
Requião vetou programa no Paraná
Ao eleger-se deputado estadual em 2002, o atual prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), concentrou esforços para tentar estadualizar o programa "Mãe Curitibana". Em 2003, ele apresentou um projeto de lei que seguiria em todo o Paraná os passos da iniciativa municipal. O relator da proposta na Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia, deputado Elton Welter (PT), apresentou um parecer contrário à proposta.
Brasília - A "mãe" mais cobiçada destas eleições passa por uma discussão de paternidade. Destaque entre as promessas de campanha para presidente e governador dos tucanos José Serra e Beto Richa, a autoria do programa "Mãe Curitibana" é reivindicada pelo ex-prefeito e candidato a deputado estadual Rafael Greca (PMDB). No papel, porém, a iniciativa partiu do atual prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), em 1998, quando ele era secretário municipal de Saúde.
Greca, que administrou a capital entre 1993 e 1996, garante que o atual formato foi copiado do programa "Nascer em Curitiba Vale a Vida", implantado por ele em março de 1993 em comemoração aos 300 anos da cidade. "Só posso agradecer que os prefeitos que me sucederam tenham dado sequência ao meu projeto. Mas não acho correto que se apropriem de uma ideia com fins eleitorais", afirma o parlamentar.
Documentos da época mostram que o programa lançado por Greca tinha como objetivo "acompanhar todas as crianças nascidas em Curitiba através do sistema de saúde (...), visando à identificação e intervenção dos fatores de risco que influenciam na mortalidade infantil". Ou seja, era destinado a detectar situações de risco biológico e social que pudessem levar à morte da criança a partir do nascimento.
Segundo Ducci, que era vice-prefeito de Beto e apoia o PSDB no estado, o "Mãe Curitibana" é muito mais complexo porque começa durante a gravidez e inclui a realização de pelo menos 12 exames pré-natais. O principal diferencial, no entanto, é a vinculação da gestante à maternidade na qual será realizado o parto.
"O 'Nascer em Curitiba' teve a sua importância, mas estamos tratando duas coisas distintas. O 'Mãe Curitibana' foi o primeiro programa do Brasil a tratar de forma integrada uma determinada situação de saúde pública e serve para outras iniciativas na área de saúde mental, diabete, hipertensão", diz Ducci. Só o protocolo de ação do programa, que coordena todos os procedimentos médicos coligados, tem 198 páginas e é atualizado a cada ano.
Outro que questiona a origem da iniciativa é o ex-prefeito de Cambé (na Região Norte do Paraná), Gilberto Martin. Em 1993, ele lançou o "Nascer em Cambé Vale a Vida", nos mesmos moldes do programa de Greca. Segundo ele, o trabalho começou com uma parceria entre os então secretários de Saúde de Curitiba, João Carlos Baracho, e de Cambé, Nereu Mansano.
Em 2007, Martin assumiu a Secretaria Estadual de Saúde. No segundo semestre do ano passado, ele lançou o programa "Nascer no Paraná: Direito à Vida", que estadualiza seis ideias similares às do "Mãe Curitibana", especialmente quanto à vinculação da maternidade e o acompanhamento pré e pós-natal.
Independentemente da autoria, todas as iniciativas ajudaram a reduzir a mortalidade infantil em Curitiba de 23,33 óbitos para cada 1.000 nascidos vivos, no começo dos anos 90, para uma proporção atual de 8,9 por 1.000. Além disso, desde 1999 foi registrada na cidade uma redução de 30% para 3% na incidência de transmissão de HIV de mães soropositivas para os bebês. Em 11 anos, a prefeitura registrou o nascimento de 180 mil crianças ligadas ao "Mãe Curitibana".
Os números também renderam cinco prêmios nacionais à prefeitura. O último deles, em 2008, atesta que Curitiba atingiu a meta de mortalidade infantil prevista nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. "O fato é que de filho bonito todo mundo quer ser pai", define Martin.
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