Os financiamentos privados nas eleições brasileiras têm crescido e, em 2006 e 2008, ficaram em R$ 4,6 bilhões, segundo pesquisa do Instituto Ethos divulgada nesta sexta-feira (23). As eleições municipais de 2008 custaram R$ 2,8 bilhões, valor bem mais alto que a eleição federal (para presidente, senador e deputado federal), estimada em R$ 824 milhões, e estadual (para governadores e deputados estaduais), que custou R$ 924 milhões, em 2006. Em 2008, os investimentos privados no pleito municipal chegaram quase ao triplo do de 2004, quando foram de cerca de R$ 1 bilhão.

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"Ou está havendo um crescimento de valores investidos mesmo ou a Justiça Eleitoral está apertando mais e os dados estão sendo mais declarados", disse o autor do estudo e professor da Unicamp, Bruno Speck. Os dados foram obtidos com as prestações de contas dos candidatos e comitês financeiros das eleições estaduais e federais. Não incluem, portanto, valores não declarados pelos políticos e partidos.

"A questão do Caixa 2 nas campanhas eleitorais é gravíssima. Não se tem levantamentos, mas se você falar com um político em off, ele vai dizer que é 60% (do dinheiro usado na campanha)", afirma o presidente do Ethos, Oded Grajew.

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Para o vice-presidente do Instituto Ethos, Paulo Itacarambi, é importante que as empresas não tenham apenas um critério mercantil ao investir em campanhas, buscando vantagens para o setor privado, mas pensem em ajudar o desenvolvimento da democracia. "As eleições estão se transformando em um grande negócio, elas geram grandes negócios. O receio é que sejam apenas negócios e não um momento em que você está construindo uma democracia no Brasil, está escolhendo os melhores candidatos", afirma Itacarambi.

PSDB foi o que mais recebeu doações das maiores empresas

O Instituto Ethos revelou também que as mil maiores empresas brasileiras investiram cerca de R$ 500 milhões para as campanhas eleitorais de 2006 e preferiram investir em partidos grandes. O PSDB foi o que mais recebeu doações das maiores empresas brasileiras, com 24,2% da preferência, seguido do PT (com 21,2%), PMDB (com 15,2% da preferência) e DEM (13,2%). Quando se analisa o quadro das doações feitas por todos os tipos de doadores, o PSDB continua sendo o partido preferido para receber recursos, com 17,8% da predileção, seguido do PT (16%), PMDB (15,8%) e DEM (10,5%).

Segundo o levantamento, menos da metade (48%) das mil maiores empresas (segundo ranking da revista Exame) aparece como financiadora de campanhas. Ou seja, a maioria das grandes corporações não contribuiu para nenhum candidato nas duas últimas eleições. As 486 companhias doadoras entre as mil maiores têm perfil diferenciado. De acordo com o Ethos, as dez mais importantes doadoras contribuíram com valores entre R$ 6 milhões e R$ 23 milhões cada uma.

Um quarto das contribuições feitas pelas maiores empresas no Brasil veio do setor de construções, como Andrade Gutierrez, Camargo Correia, OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão. Depois, vem o setor de bens de consumo, responsável por 12,4% das doações das mil maiores, que compreendem gigantes da indústria de alimentos como Bunge e Sadia. A indústria de metalurgia e siderurgia aparece com 12,1% das doações, que vieram de empresas como CSN, Gerdau, Usiminas e Votorantim.

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